Pesquisa desenvolve madeira e alimentos com resíduos de tomate
Cascas e sementes da fruta também podem ser usadas em fármacos, suplementos alimentares e barras de cereais
Texto: Angélica Queiroz
Fotos: Ana Fortunato
A indústria alimentícia é uma grande geradora de resíduos. Na fabricação do molho de tomate, por exemplo, sobram, ao final do processo, cascas e sementes. Pensando nisso, pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) utilizam esse material para produzir barras de cereais, madeira, veículos para fármacos e cápsulas de nutracêuticos. O trabalho foi considerado o segundo melhor das Américas pelo Prêmio Novos Talentos para o Alimento Sustentável, iniciativa do Fórum do Futuro. Os processos e produtos já foram patenteados e devem chegar ao mercado em breve.
A pesquisa, executada pelo doutorando em Química Lucas Oliveira Gomes e coordenada pelo professor do Instituto de Química (IQ) da UFG, Nelson Roberto Antoniosi Filho, reaproveita resíduos que têm um custo elevado de transporte e que são descartados ou utilizados para a alimentação de bovinos. “Os novos produtos desenvolvidos dão às cascas e sementes do tomate uma destinação mais adequada, aumentando consideravelmente os lucros das empresas e sendo uma opção mais sustentável”, explica.
No Laboratório de Métodos de Extração e Separação (Lames) do IQ, os resíduos chegam na forma pastosa e passam por um processo de separação da casca e da semente. Segundo Nelson Antoniosi, as barras de cereais feitas dos resíduos têm um bom apelo da área fitness por conta do grande volume de fibras na casca e de proteínas na semente, além de ser uma opção sem glúten. O produto já foi submetido a testes de degustação e aprovado pelos participantes. “A barra não tem gosto de tomate e é produzida a um custo menor, pois dispensa a adição de aveia, que é cara e, muitas vezes, importada”, explica o professor.
Produção de madeira
Os mesmos resíduos também podem ser utilizados para produzir madeira, dos tipos MDP ou MDF, utilizada na indústria moveleira e de construção civil. De acordo com os pesquisadores, essa madeira tem resistência maior que o compensado comum porque a fibra do tomate faz com que a resina se molde bem e não deixa espaços para penetração de água. “Além de ser muito mais resistente que o compensado comum, a alternativa evita a derrubada de árvores para produção de madeira”, ressalta Nelson Antoniosi.
Fonte: Ascom UFG
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