Crítica literária goiana precisa ser repensada
Posicionamento foi defendido pelo poeta Gilberto Mendonça Teles, homenageado em evento na UFG
Texto: Angélica Queiroz
Fotos: Adriana Silva
Aretê. A palavra, de origem grega, significa excelência, fazer o melhor que se pode. Foi lembrando o conceito que o poeta e crítico literário Gilberto Mendonça Teles deu início a conferência de abertura do I Colóquio de Poesia Goiana, que teve como tema “A crítica e a história literária na pós-modernidade”. O evento, que promove um encontro acadêmico entre os principais estudiosos de literatura goiana, professores e alunos, ocorre na Universidade Federal de Goiás (UFG) nos dias 12 e 13 de junho. Veja programação no site.
Gilberto Mendonça Teles falou sobre o estudo da literatura feito na universidade, cujos resultados costumam ser publicados em revistas especializadas e livros, o que acontece com as dissertações e teses. Segundo ele, se esses estudos ganham novas dimensões de profundidade, pois a síntese se vê substituída pelo exercício analítico e pelas explicações do texto, perdendo quase sempre pela falta de parâmetro crítico. “Não é porque a pessoa tem um doutorado que é um bom crítico literário”, afirmou. Apesar disso, o poeta destacou que não se pode negar a importância da produção da crítica universitária que influi não só entre os novos, como atua também como estímulo de renovação entre os críticos tradicionais. Ele lembrou, no entanto, que o lugar de produção determina o tipo de produção.
Poeta goiano Gilberto Mendonça Teles é o homenageado do I Colóquio de Poesia Goiana
Para o crítico, a pós-modernidade tem motivado muitas análises inadequadas e apressadas. “Tem sido mais ‘fácil’ valer-se de modelos enlatados e aplicados indistintamente do que realmente criar um modelo especial de pensar e repensar a matéria nacional, tentando ver a obra com um modelo saindo de dentro dela. É muito mais fácil aplicar aquilo que já está pronto, mas não é correto”, censurou. Segundo ele, muitos professores e estudiosos retomam temas e técnicas que não foram totalmente exploradas pelas gerações anteriores, mas que estavam nas propostas modernistas. “Se denominam pós-modernos, espécie de ‘palavra mágica’ que dá o tom de atualidade a maioria dos estudos universitários nos últimos anos no Brasil”, criticou.
Gilberto Mendonça Teles falou ainda sobre a relação entre a crítica e a história literária. “Muita gente não faz distinção entre as duas e não é bem assim. Elas se diferem, embora estejam intimamente relacionadas. A história precisa das conclusões da crítica para abordar não mais a obra, com a qual a crítica trabalha. A história precisa dos elementos que estão dentro e fora da obra, transcendendo-a. A crítica é sincrônica, a história tem que ser diacrônica”, explicou.
"Falta ao país um pouco mais de poesia", afirmou o reitor da UFG, Orlando Amaral, durante o evento
Editora UFG
O diretor do Centro Editorial e Gráfico da UFG (Cegraf), Antonio Corbacho Quintela, que mediou a mesa de abertura do colóquio, entregou a Gilberto Mendonça Teles uma homenagem, feita artesanalmente em tipografia, que destacava o poeta e crítico como o primeiro professor pesquisador da UFG que publicou, em 30 de junho de 1964, pela Imprensa Universitária, um livro acadêmico científico de estudos literários. Na ocasião, o homenageado também assinou o contrato da Editora UFG para a terceira edição do livro A poesia em Goiás e para a segunda edição do livro A crítica e o princípio do prazer.
Thaise Monteiro homenageou Gilberto Mendonça Teles em apresentação durante o evento
I Colóquio de Poesia Goiana teve como tema a crítica e a história literária na pós-modernidade
Source: Ascom UFG
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