Palestra analisa transformações sociais a partir do Big Data
Evento inaugurou as atividades do Programa de Formação em Inovação da Coordenação de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT) da UFG
Texto: Carolina Melo
Fotos: Ana Fortunato
Dados. Algoritmos. Computadores potentes. Um mundo automatizado por objetos que trabalham e seres humanos que pensam. O futuro traçado pelo professor da Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal de Goiás (UFG), Dalton Lopes Martins, na palestra Big Data e a 4ª Revolução Industrial, realizada hoje (30/3), trouxe muitas indagações, ainda sem respostas. Os desafios, na avaliação do palestrante, devem ser encarados de forma interdisciplinar.
O cenário é representado pelos eletrodomésticos, meios de transporte, maçanetas e até roupas conectadas pela Internet e dispositivos como smartphones. Também pela rede de dados em abundância, automatização em robôs de última geração e a sintetização de informações. É na composição desse mundo conectado por dados que se entende que haverá a 4ª Revolução Industrial, com o aumento da produtividade e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) das principais economias do mundo.
Conforme explicou o professor Dalton Lopes, se há crescimento econômico com diminuição de horas trabalhadas significa que há ganho de produtividade via tecnologia e automação. Mas o que se observou nos últimos anos, segundo o professor, foi que o número de horas trabalhadas nos principais países do G7 deixou de cair e, por sua vez, houve a desaceleração no crescimento da produtividade. “O que podemos dizer é que a tecnologia chegou ao seu limite. E é nesse contexto que surge a 4ª Revolução Industrial, como um novo elemento que pode responder pelo ganho de produtividade necessário para oxigenação da Economia”, explicou.
Professor Dalton Lopes alerta para a necessidade de novas formas de se pensar a atual sociedade
O desenvolvimento de novas oportunidades de inovação a partir dos dados e manipulação dos algoritmos será aparente em novos produtos e serviços. Mas também aponta para a reformulação de postos de trabalho devido à automação. “Postos de trabalho tendem a desaparecer em 20 anos. Haverá o desaparecimento de setores inteiros da economia ou, ao menos, devem reduzir consideravelmente”, alerta o professor.
Segundo Dalton Lopes Martins, os trabalhos menos remunerados têm mais de 80% de chance de desaparecer. Motoristas de ônibus, por exemplo, devem ser extintos. Cerca de 20 a 60% dos postos de trabalho nas áreas de entrega e cargos de entregadores serão suprimidos. “Há países que já utilizam drones para serviço de correios”, afirma.
Por outro lado, de acordo com o professor, os dados já apontam para o crescimento do Produto Interno Bruto a partir da automação e da Inteligência Artificial. Conforme apresentado, nos 17 países com maiores economias do mundo, cerca 0,4% do crescimento anual do PIB se deve a utilização de robôs. “Esse número só deve crescer. A Inteligência Artificial tem o poder de dobrar o crescimento do PIB”, acredita Dalton Lopes, que ainda chama atenção para um dado curioso sobre a futura mudança no mercado de trabalho: “65% das crianças em escolas primárias vão trabalhar em algo que ainda não existe”.
Muitas indagações ficaram no ar entre participantes do evento
Entre as perspectivas de mudanças e novos paradigmas, muitas indagações ficaram no ar entre os participantes da palestra. Afinal, como garantir o crescimento do PIB com a extinção de postos de trabalho? Onde gerar novos postos para pessoas pouco escolarizadas? Como qualificar a sociedade para as novas transformações? Como garantir a segurança da informação e a privacidade? Na avaliação de Dalton Lopes Martins há muito que se debater. “A discussão é polêmica, mas acredito que devemos estar preparados para pensar uma sociedade de pessoas que não trabalham. Em 20 anos as tecnologias estarão presentes. Em 20 anos os postos de trabalho serão extintos. Como lidar com isso? Trata-se de um paradigma que o ser humano nunca viveu”, afirmou o professor.
Novos saberes
Os dados, algoritmos e sistemas computacionais normalmente são considerados ferramentas das ciências exatas. Mas quando são aplicadas às organizações sociais, devem ser tratadas por outros saberes, interdisciplinares, alerta o palestrante. “A dificuldade em lidar com dados deve ser enfrentada por todas as áreas da sociedade. Esse não é só um problema da computação, mas de todos que querem entender a sociabilidade hoje”.
As técnicas tradicionais de pesquisa científica, exemplifica Dalton Lopes, foram pensadas para dados com características muito diferentes dos atuais, não funcionam para o Big Data. “Estamos falando de dados abundantes da Web, relacionais, variáveis, dinâmicos, semi e desestruturados”. Temos que nos capacitar para a solução de trabalhos complexos.
“A programação é o novo inglês”. O título do artigo de Ana Maria Dinis, publicado no jornal Estadão, foi utilizado pelo professor da UFG para fazer referência às novas demandas de conhecimento da sociedade atual. “A preocupação agora é entender programação”, provocou.
Fonte: Ascom/UFG
Categorias: Última Hora Futuro Big Data