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Pioneira do ensino de artes recebe título de professora emérita

En 09/03/17 19:02 .

Miriam da Costa Manso Moreira de Mendonça teve sua carreira reconhecida na última quarta-feira, em sessão solene da Assembleia Universitária

Texto: Patrícia da Veiga

Fotos: Adriana Silva

No dia 8 de março, milhares de mulheres foram às ruas para reivindicar igualdade de direitos e reafirmar um longo histórico de lutas. No mesmo momento, na Universidade Federal de Goiás (UFG), uma mulher era reconhecida por sua trajetória profissional, também em luta pelo ensino superior público. Miriam da Costa Manso Moreira de Mendonça, docente da Faculdade de Artes Visuais (FAV), recebeu da comunidade universitária na noite da última quarta-feira o título de professora emérita. A homenagem foi aprovada pela Resolução do Conselho Universitário (Consuni) n° 15, de 22 de julho de 2016.

O evento foi realizado no auditório da FAV e contou com a participação de docentes, técnico-administrativos e discentes da unidade, além de familiares e amigos da professora. Conduziu a sessão solene o reitor Orlando Amaral, que destacou a importância de Miriam para a consolidação dos cursos de Design. "Essa é uma área que marcou a história da universidade", declarou. Ele reconheceu ainda que poucas mulheres receberam tal homenagem em Goiás. "Dos cerca de 60 títulos concedidos pela UFG, dez foram entregues a mulheres. Isso é pouco representativo perto da contribuição de vocês", avaliou. A professora Miriam é a 11ª emérita da UFG.

A docente da FAV, Rita Morais de Andrade, foi responsável por representar a comunidade universitária e proferir o discurso de reconhecimento ao trabalho de Miriam. Emocionada, Rita destacou o "espírito desbravador e colaborativo" da colega: "sem o seu esforço, a FAV não teria as configurações de hoje". Ela se referia à criação do curso de Design de Moda, um dos primeiros do país, e das então habilitações do Bacharelado em Artes Visuais, que atualmente são independentes: Design Gráfico e Design de Ambientes. "Miriam trabalhou astutamente para que esses cursos pudessem ser aprovados em uma época em que não eram valorizados", ressaltou. Em 1995, quando do primeiro vestibular para Design de Moda, apenas duas instituições de ensino superior brasileiras possuíam algo semelhante.

Conforme Rita, na década de 1990 o ensino de artes ainda guardava "resistências" em relação a determinadas formas e linguagens. Isso também despertou o pioneirismo da emérita. "Ela era a única a associar a História da Arte à História da Moda", exemplificou. Rita destacou ainda a contribuição teórica de Miriam para os estudos da Moda. "Suas pesquisas são referência para todo o país. O título de emérita lhe cai como uma luva", completou. Também compuseram a mesa diretiva da Assembleia Universitária a ex-reitora Milca Severino, o diretor da FAV Bráulio Vinicius Ferreira, o ex-diretor da FAV Raimundo Martins e os docentes José César Clímaco e Dorivalda Santos Medeiros Neiva.

auditório da fav professora emérita

Plateia prestigia professora da FAV em sessão solene realizada na última quarta-feira (8/3)

Resposta

Ao tomar a palavra, a homenageada narrou com modéstia e gratidão passagens de sua trajetória. "Nesta Universidade fui aluna, professora, assumi cargos de direção e integrei vários conselhos. Hoje, ao me conceder tão honroso título, a Universidade faz-me sentir que, talvez, algo de bom tenha resultado da pequena participação que tive na construção de sua história", declarou.

Ao recordar os momentos de luta pelos cursos de Design, a professora disse ter sido marcada por várias frases que ouviu, entre elas a de um ex-aluno que, certa vez, ela encontrou trabalhando em um banco. "Pois é professora, meu sonho era ser artista, mas eu precisava ganhar o pão de cada dia", reproduziu Miriam. Sensibilizada, a professora passou a buscar modos de viabilizar uma carreira satisfatória materialmente e gratificante emocionalmente para os estudantes. "Por que o caminho artístico não poderia resultar em uma profissão rentável que garantisse a subsistência dos que o escolheram?", questionou. Foi assim que os cursos de Design começaram a ser pensados, discutidos e planejados no âmbito da instituição. "Talvez os tempos estivessem cobrando uma nova trilha a ser aberta para aqueles que vieram ao mundo com a esperança de modificá-lo esteticamente, acordar emoções e conquistar o aplauso", refletiu em seu discurso.

Miriam possui graduação em Ciências Jurídicas e Sociais (Direito) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), graduação em Artes Visuais pela UFG, especialização em Arte-Educação pela UFG, mestrado em Ciências da Comunicação (Arte Publicitária e Produção Simbólica) pela Universidade de São Paulo (USP) e doutorado em Ciências Sociais (Antropologia) pela PUC-SP. Entre seus trabalhos mais reconhecidos estão as obras "Antropologia Cultural - Introdução ao estudo do homem e suas produções culturais" (Brasilia: Cidade Gráfica e Editora Ltda, 2008) e "O Reflexo no Espelho: o vestuário e moda como linguagem artística e simbólica" (Goiânia: Cegraf/UFG, 2006).

Miriam da Costa Manso Moreira de Mendonça

Miriam da Costa Manso Moreira de Mendonça é professora emérita da UFG

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