Transexualidades e Saúde

Transexualidades e saúde é assunto de mesa-redonda na UFG

En 28/01/17 15:27 .

Encontro, que reuniu mais de cem pessoas na Faculdade de Medicina da UFG, celebrou Dia da Visibilidade Trans (29/1) e discutiu principais desafios em Goiás

Texto: Angélica Queiroz

Fotos: Ana Fortunato

O sistema de saúde brasileiro, no geral, ainda não está preparado para lidar com os diversos aspectos e dimensões da sexualidade humana. Por esse motivo, uma das grandes bandeiras da população travesti, transgênera, intersexual e transexual (TTIT) é a necessidade de se formar profissionais de saúde capacitados para lidar com a diversidade, sem preconceitos e que, dessa forma, consigam atender melhor a essas pessoas. O assunto foi tema, na noite desta sexta-feira (27/1), na Faculdade de Medicina da UFG, da mesa "Transexualidades e Saúde: desafios contemporâneos para o atendimento à saúde transespecífica em Goiás". O encontro foi organizado pelo Projeto de Extensão Trans UFG, realizado pelo Ser-Tão, Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero e sexualidade, e o Coletivo TransAção) em referência ao Dia da Visibilidade Trans, a ser celebrado neste domingo (29/1).

Transexualidades e Saúde

Mais de cem pessoas compareceram ao debate

A professora, pesquisadora e ativista social, Ester Sales, foi a mediadora da atividade e, representando a coordenadora do Projeto Transexualidade (TX), do Hospital das Clínicas da UFG, Mariluza Terra, falou um pouco sobre a história do projeto que é referência internacional por realizar cirurgias de redesignação sexual. Ester lembrou que, apesar das conquistas do TX, os desafios são enormes porque muitos profissionais de saúde ainda saem muito limitados em relação à sexualidade humana de suas formações, especialmente porque, na maioria dos cursos de saúde, ainda não existe uma disciplina específica sobre o tema. "Falta preparação adequada para lidar com a realidade". observou.

Ester Sales comemorou a visibilidade que o Projeto TX tem dado à luta e afirmou que é crescente o número de estudantes da UFG de várias áreas interessados em pesquisar sobre o projeto. Para ela, mais pesquisa e publicações precisam ser articuladas. "Precisamos de cada vez mais pessoas esclarecidas e conscientes da importância de tratar o outro com amor e dignidade", pontuou. A professora convidou todos a conhecer mais o TX (saiba mais em reportagem do Jornal UFG sobre o assunto).

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Ester Sales é membro-fundadora do Coletivo de Mulheres e Homens Transexuais, Transgêneras, Familiares Apoiadores da Causa Trans na UFG (TransAção)

Especialista em saúde mental e em educação na saúde, a psicóloga do TX, Siomara Magalhães, falou um pouco sobre a experiência de trabalhar no projeto. "É importante usarmos a palavra transexualidades no plural porque são várias. Cada pessoa traz uma história, seu caminho percorrido e a percorrer." Siomara explicou como se dá o encaminhamento para o atendimento no TX - basta ir a qualquer Cais de Goiânia, ter uma consulta com o clínico e solicitar encaminhamento para o Hospital das Clínicas, que está no sistema da Secretaria Municipal de Saúde. Para Siomara é preciso incentivar a criação de outros ambulatórios específicos para atender a essa população em Goiás. "Eles não precisam ser diretamentes ligados à cirurgia, porque nem todo mundo quer operar", explicou.

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Siomara é psicóloga do Projeto TX desde 2006

A assistente social, especialista em saúde pública e gerente de Programas Especiais da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás, Edna Maria Covem, atribuiu aos movimentos sociais as conquistas da população TTIT na área da saúde. Ela respondeu a algumas demandas do movimento e falou sobre o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS). Edna Covem deu aos presentes a boa notícia de que, ainda neste semestre, deve ser oficialmente aberto um serviço de atendimento a essa população, inspirado n TX, no Hospital Alberto Rassi (HGG). A assistente social também afirmou que o Governo do Estado deve regulamentar o uso do nome social em todos os órgãos públicos e que há um esforço para descentralizar o serviço de atendimento a essa população, criando ambulatórios com equipes multidisciplinares também em outras cidades de Goiás. 

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Profissional falou em nome da Superintendência de Políticas de Atenção Integral a Saúde de Goiás

O psicanalista e coordenador do Ambulatório Transexualidade do HGG, Marcos Antonio Ribeiro Moraes, detalhou os desafios e a beleza do processo de implantação do serviço no HGG. Segundo ele, os profissionais do hospital já têm grande abertura nesse sentido e já está sendo feito um trabalho de capacitação e constituição da equipe técnica. Marcos Antonio afirmou que o projeto do HGG deve se espelhar e ser parceiro do projeto do Hospital das Clínicas. "O TX já é nosso pai e nossa mãe, em termos de capacitação, referência e protocolo", ressaltou. O profissional destacou a necessidade de não se pensar no ambulatório apenas como cirúrgico para incluir também as pessoas que não querem se submeter ao procedimento, como a população travesti. Marcos Antonio também destacou a necessidade de se pensar em formas de cuidar das crianças e adolescentes TTIT.

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Coordenador do Ambulatório Transexualidade do HGG afirmou que pacientes já devem começar a ser atendidos pelo serviço a partir de fevereiro

 

Fuente: Ascom UFG

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