Projeto Cata Sol encerra suas atividades com balanço
Seminário destacou conquistas e desafios do projeto coordenado pela Incubadora Social da UFG e voltado para os catadores de materias recicláveis em Goiás
Texto: Angélica Queiroz
Fotos: Ana Fortunato
"Em resposta a uma ética de exclusão, estamos todos desafiados a praticar uma ética da solidariedade". A frase do sociólogo e ativista Herbert José de Souza, o Betinho, abriu as atividades do seminário de avaliação do projeto Catadores Solidários (Cata Sol), que marcou o encerramento do projeto da Incubadora Social da UFG, após quatro anos de existência. A manhã desta segunda-feira (19/12) foi um momento para analisar os impactos, desafios e avanços, além de apontar perspectivas para ações de projetos futuros. A expectativa é que, depois do processo de incubação, que contribuiu para a formalização de mais de 20 cooperativas em 10 municípios goianos e beneficiou mais de 200 catadores, os empreendimentos sejam capazes de superar as dificuldades e continuar trabalhando.

Representantes de entidades parceiras participaram de mesa sobre os avanços e desafios do projeto
Coordenador da Incubadora Social da UFG, Fernando Bartholo, afirmou que o projeto ajudou a trazer a vida real para dentro da Universidade proporcionando grande aprendizado não só para os catadores, como também para os professores e estudantes, além de todos os envolvidos. Fernando Bartholo falou um pouco sobre a história da criação e a evolução do Cata Sol. Para ele, o maior desafio agora é formar pessoas para acompanhar o processo nas cooperativas em cada município. Segundo o coordenador da Incubadora, já existe um diálogo com a Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Ciências Econômicas (Face) para a criação de uma especialização nessa área. Além disso, outro grande desafio, segundo ele, ainda é vencer o preconceito. "Temos muitas dificuldades ainda e uma de nossas grandes constatações é a predominância da cultura do lixo, onde ninguém se preocupa em separar, fazer a sua parte. Mudar esse comportamento é o mais difícil", observou.
Fundador da Incubadora Social e ex-reitor da UFG, Edward Madureira, também participou da mesa e afirmou que, mais do que focar na história, é preciso olhar para frente. "Esse projeto já fez a diferença para inúmeras famílias e estamos só começando". Para Edward a ideia das cooperativas deve ser levada para todos os municípios goianos. "O projeto já alcançou capilaridade e não acaba. O que se construiu fica, porque passa a ser uma necessidade da sociedade", lembrou. Para o professor da UFG o desafio é longo porque exige uma mudança de cultura. "O importante é não perdermos a direção que, nesse momento, é mais importante que a velocidade. Precisamos nos fortalecer porque esse é um projeto em que todos ganham e aprendem", ressaltou.
Representante do Ministério Público de Goiás, uma das entidades parceiras do projeto, o promotor Juliano de Barros afirmou que o encerramento do projeto é um momento de festa. "Tudo tem começo, meio e fim. O importante são os produtos que esse projeto deixa: as cooperativas incubadas", destacou. Para ele essa ação não tem mais fim porque proporcionou a inclusão de pessoas que são cotidianamente excluídas e a consolidação de cooperativas mesmo em meio às dificuldades. O promotor também destacou a necessidade de uma mudança em toda a sociedade no que diz respeito ao destino do lixo.
Técnico do projeto Cata Sol e representando as pessoas que trabalham no Catadores Solidários, Vitor Amorim destacou as dificuldades, principlamente no que diz respeito à legislação que, segundo ele, não contempla a realidade. Para ele, o projeto fez as pessoas acrecitarem em um sonho: "o sonho de tirar as pessoas do lixão e criar para elas condições de trabalho dignas". Por isso, Vitor Amorim acredita que a Incubadora encerra o seu papel, mas o projeto deve continuar.
Presidente da Rede Uniforte, organização da central das cooperativas de trabalho dos catadores de materias recicláveis, Dulce Helena do Vale, deu um depoimento sobre a importância do projeto e da parceria com a UFG. Segundo ela, hoje muitas cooperativas já são autônomas e, até a rotatividade de trabalhadores diminuiu. "Com ganhos maiores os catadores ficam", explicou. Representando os gestores dos municípios parceiros, o Secretário Municipal de Meio Ambiente de Hidrolândia, Hugo Borges, citou o exemplo de sua cidade, que tinha um grande problema com o lixão e hoje tem um aterro sanitário que funciona, graças à parceria do município com o Cata Sol. "Hoje nossa coleta seletiva funciona. É um processo de educação", afirmou.



Catadores prestigiaram o evento e participaram do debate e de grupos de trabalho
资源: Ascom UFG
