O conteúdo desse portal pode ser acessível em Libras usando o VLibras
Silvia Pimentel

Professora questiona bem público sem igualdade de gênero

Em 02/12/16 14:58.

Problematização encerrou o Seminário Republicanismo, que abordou diversos temas relativos à democracia com pesquisadores de diferentes áreas

Texto: Angélica Queiroz

Fotos: Adriana Silva

"Estamos ainda longe de atingir a igualdade substancial ou material. Há uma grande e perversa lacuna entre a igualdade de jure e de facto, no país, e enormes esforços são necessários para superá-la". A afirmação está no artigo "A superação da cegueira de gênero: mais do que um desafio – um imperativo" e foi citada por sua própria autora durante discussão sobre bem público e igualdade de gênero. O assunto foi tema da conferência de encerramento do Seminário Republicanismo, realizado pela Faculdade de Filosofia da UFG desde o dia 29 de novembro, que trouxe, na manhã desta sexta-feira (2/12) a professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Silvia Pimentel, para uma conversa.

Silvia Pimentel, que tem vasta experiência de vida como participante de movimento de mulheres e se intitula uma feminista histórica, falou sobre momentos de polarização política e o surgimento dos movimentos de mulheres que garantiram direitos na construção da Constituição de 88. A pesquisadora lembrou também da Declaração Universal dos Direitos Humanos destacando que, segundo ela, porque invisíveis, não considerou as especificidades das mulheres no documento.

Silvia Pimentel

Silvia Pimentel tem mais de dez livros publicados na área do Direito da Mulher

"Onde está a nossa res publica?"

A professora destacou ainda a origem da palavra "república", tema central do seminário, do latim res publica, "coisa pública", lastimando a falta de representatividade que o país vive atualmente nas três esferas do poder. "Onde está a nossa res publica?", provocou. Silvia Pimentel afirmou que, como não existe verdade científica absoluta, também não existe verdade política absoluta e convidou os presentes a vencer a polarização vivida atualmente no país com inteligência e senso crítico. "Precisamos lutar por ideias com argumentos", pontuou.

A discussão também trouxe à tona assuntos polêmicos como aborto e feminicídio. Sobre os direitos das mulheres, Silvia Pimentel lembrou que o Brasil é o quinto país que mais mata mulheres no mundo e destacou a necessidade de se discutir a violência conta a mulher. "O problema é que, até 2002, o Código Civil Brasileiro estabelecia chefia masculina na sociedade conjugal. A cultura patriarcal traz como reflexos atitudes, comportamentos e cobranças absolutamente machistas que chegam ao nível extremo do feminicídio", considerou.

No que diz respeito aos direitos reprodutivos da mulher, assunto que novamente tem sido tema de discussão especialmente nas redes sociais, Silvia Pimentel alegou que ainda existe uma verdadeira violência institucional. "Querem controlar as mulheres através do controle de seus corpos, como forma de limitar nossa autonomia", afirmou. A professora concluiu sua apresentação reafirmando que é preciso ampliar a cidadania das mulheres. "Ainda há muita discriminação e violência na república", lamentou.

Silvia Pimentel

Seminário Republicanismo é uma realização da Faculdade de Filosofia da UFG

Fonte: Ascom/UFG

Categorias: seminário republicanismo Última hora

Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga. Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga.