Conferência aborda desafios da alimentação mundial

Texto: Camila Godoy

Fotos: Carlos Siqueira

O panorama brasileiro de políticas públicas para a segurança alimentar foi tema de conferência no 13º Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão da UFG (Conpeex), na manhã desta quarta-feira (19/10). Para debater o assunto, o professor da Escola de Agronomia da UFG, Edward Madureira, trouxe dados sobre a agricultura mundial e regional e contextualizou as leis e ações governamentais do país sobre segurança alimentar. A professora da Faculdade de Nutrição da UFG, Veruska Prado, também participou da discussão. Ela problematizou as informações apresentadas e mediou os questionamentos da plateia, que encheu o auditório do Centro de  de Cultura e Eventos Professor Ricardo Freua Bufáiçal, Câmpus Samambaia.

Segundo Edward Madureira, o problema da fome mundial só será resolvido com a parceria entre avanços tecnológicos, que melhoram a produtividade, e o desenvolvimento de políticas públicas para a área. “A agricultura brasileira só começou a se desenvolver a partir da década de 1960. Hoje, somos uma potência agrícola mundial e o maior exportador de carnes do mundo. Só no ano passado produzimos 207 milhões de toneladas de grãos. Tudo isso dá para alimentar um bilhão de pessoas. Mas, tudo isso só foi possível por conta da tecnologia e não da expansão da área cultivada. Ou seja, aumentamos a produtividade”, afirmou.

Edward Madureira falou sobre realidade da agricultura brasileira e os desafios a serem superados pelo setor  

Para exemplificar sua fala, o professor fez uma retrospectiva histórica da produção de alimentos do Brasil. Ele também apresentou as principais dificuldades enfrentadas e desafios a serem superados. De acordo com Edward Madureira, só com a melhora da distribuição e de acesso aos alimentos é que o mundo conseguirá abastecer toda a população, que cresce exponencialmente e deve chegar a casa dos nove bilhões em 2050. “A produção de alimentos é também uma estratégia de inclusão social e produtiva, de valorização dos saberes tradicionais e de utilização de tecnologias sociais”, defendeu.

Ponto importante da conferência, o palestrante  destacou as perdas políticas para a garantia da segurança alimentar com a fusão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação (MCTI) com o Ministério da Comunicação. Segundo Edward Madureira, a extinção da Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social (Secis) do MCTI, dirigida por ele nos últimos meses e que cuidava desse assunto, coloca em risco a continuidade de diversas ações que incentivavam a promoção de soluções tecnológicas para a alimentação.

Veruska Prado também participou do evento, problematizando a questão e intermediando perguntas

Completando a fala do conferencista, a professora Veruska Prado destacou a necessidade de não falar apenas sobre segurança alimentar, que implica no abastecimento, mas também de abordar a segurança nutricional, que contempla o consumo. “A definição que adotamos para esses conceitos envolve bastante a cultura. Não adianta apenas políticas públicas que estimulem a produção pura e simples de alimento, afinal, precisamos pensar em qual alimento faz parte da cultura de um povo. Precisamos pensar na cadeia alimentar, na sustentabilidade e na qualidade da alimentação”, afirmou. Em seguida, ela intermediou os questionamentos do público.

Alternativas de produção foi o tema mais abordado nos questionamentos da plateia