CORA realiza simpósio de resolutividade em mastologia

O Centro Avançado de Diagnóstico da Mama (CORA) do Hospital das Clínicas da UFG realizou nesta sexta-feira (30/9) o Simpósio de Resolutividade em Mastologia em Grandes Cidades Brasileiras. O evento foi patrocinado pelo Centro de Estudo e Pesquisa do Hospital Pérola Byington, em parceria com a Fundação Susan Komen - EUA. Esse é o primeiro evento científico do CORA, que foi inaugurado na última quarta-feira (28/09).  

O simpósio reuniu profissionais do Programa de Mastologia do HC, representantes dos gestores estaduais e municipais de saúde e o superintendente do HC, Prof. José Garcia Neto, para conhecerem a experiência do Hospital Pérola Byington no estado de São Paulo com o aparelho de mamotomia, utilizado para o diagnóstico de câncer de mama em pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). O mamótomo é um moderno aparelho que realiza a biópsia de nódulos não palpáveis no tecido mamário, tornando desnecessária a intervenção cirúrgica da paciente.

O Hospital Pérola Byington possui um mamótomo desde o ano de 2006 e atende pacientes com câncer de mama, ou com suspeita da doença, oriundas da capital e do interior do estado de São Paulo, que são encaminhadas para a unidade para a realização do exame. O diretor do Hospital Pérola Byington e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Luiz Henrique Gebrim, apresentou dados que comprovam um redução significativa, nesses dez anos, no número de mulheres com lesões avançadas (em estágio 3 ou 4) da doença devido à agilidade no atendimento e ao diagnóstico precoce proporcionados pelo mamótomo. “Em dez anos, a maioria das lesões detectadas nas mulheres estavam no estágio 3 ou 4. Hoje, menos de um terço das pacientes tem tumores avançados”, salientou Luiz Henrique Gebrim. O Hospital Pérola Byington recebe atualmente 20 casos de câncer de mama por dia. Esse número já chegou a 45 casos por dia.

Apesar disso, o diretor do Hospital Pérola Byington afirmou que ainda há muito o que ser feito em todo o país, pois nas regiões Norte e Nordeste mais de 50% dos casos de câncer de mama são detectados em estágio avançado, o que aumenta a taxa de mortalidade dessas mulheres em duas a três vezes mais que na região sul do país.

Outra grande vantagem apontada pelo diretor após o uso do mamótomo é a redução dos custos com internações hospitalares, pois a biópsia é realizada no mesmo dia, no aparelho, não sendo necessária a intervenção cirúrgica. “Isso reduz os custos com internação, pois enquanto são gastos cerca de R$ 1.200 reais com a realização do exame, a internação de uma paciente para a realização de biópsia em um centro cirúrgico é de R$ 3.500 reais”, comparou o diretor.

Fluxo de atendimento

Coordenador do curso de Residência Médica em Mastologia do Hospital Pérola Byington, Jorge Yoshinori Shida falou sobre a importância do fluxo de atendimento dessas pacientes de forma que os casos mais graves sejam encaminhados para as capitais do país, onde estão os grandes centros de referência no tratamento de câncer de mama. O Hospital Pérola Byington realiza, em parceria com a Fundação Susan Komen – EUA, nas capitais do Brasil, o Treinamento da Rede Básica em Diretrizes Custo-efetivas em Ginecologia e Mastologia.

Segundo Jorge Yoshinori Shida, a rede básica de saúde não está preparada para dar um diagnóstico de câncer de mama por biópsia. “Pode demorar até seis meses para que o laudo da biópsia fique pronto se o pedido for feito na rede básica, enquanto que no Pérola Byington o laudo fica pronto em um dia”, revelou.

Segundo Jorge Shida, o exame de mamografia é importante para o diagnóstico, pois atende mulheres em regiões do interior do país onde ainda há uma enorme dificuldade de acesso ao exame, mas é necessário que os médicos da rede básica sejam capacitados para serem mais eficientes na investigação da doença. “Se, na avaliação clínica, o médico suspeitar de que o caso se trata de câncer de mama, ele é orientado a encaminhar rapidamente essa paciente para o Pérola Byington”, explicou Jorge Shida.

 O projeto tem sido um sucesso em algumas capitais, como Manaus e Belém. No estado de São Paulo, o treinamento contribuiu de forma efetiva para a racionalização do encaminhamento e a brevidade do acesso das mulheres à rede terciária. Atualmente, 80% das mulheres que são atendidas no Pérola Byington tem diagnóstico de câncer de mama. Esse número subiu de 8% para 80% após o treinamento, que foi fundamental para a triagem das pacientes e encaminhamento dos casos graves para o Hospital Pérola Byington. “Com isso, diminuímos os números de cirurgias benignas e diagnósticas e passamos a operar mais casos de câncer de mama”, explicou Jorge Shida. Outra grande vantagem do treinamento foi dar agilidade ao encaminhamento dessas mulheres para o Pérola Byington, que hoje não leva mais que dez dias.

Para Jorge Shida, Goiânia é uma cidade que está preparada para trabalhar com esse treinamento, pois com a inauguração do CORA, possui uma excelente estrutura física e uma equipe muito bem capacitada. O coordenador do CORA, Prof. Ruffo de Freitas Júnior, considerou positiva a visita da equipe do Hospital Pérola Byington. “Foi uma excelente oportunidade para aprendermos sobre a experiência bem sucedida do Hospital Pérola Byington, que é um centro avançado no diagnóstico e tratamento do câncer de mama”. O superintendente do HC, José Garcia Neto, elogiou o engajamento e rigor do professor Ruffo para a concretização do CORA e disse que o HC está empenhado em construir centros de referência em especialidades médicas, trazendo para a região Centro Oeste os avanços da medicina no sul do país em benefício dos usuários do SUS.

Após a apresentação feita pela equipe do Hospital Pérola Byington, os convidados participaram de atividades práticas no mamótomo, onde foram realizadas quatro biópsias de mama de pacientes do Programa de Mastologia do HC.  O diretor do Hospital Pérola Byington, Prof. Luiz Henrique Gebrim, e o diretor técnico de Saúde do curso de Residência Médica do Hospital Pérola Byington, Jorge Yoshinori Shida, entregaram ao coordenador do CORA, Ruffo de Freitas Júnior, um kit de agulhas para serem utilizadas na realização dos exames de mamotomia.