Empatia pode ser capaz de prevenir o suicídio

Texto: Kharen Stecca

Fotos: Ana Fortunato

A Escola de Música e Artes Cênicas (EMAC) recebeu hoje (19/9) mais uma das palestras do Setembro Amarelo em Goiânia, evento que está promovendo diversas atividades de prevenção ao suicídio. A Coordenadora do evento, professora Célia Ferreira, abriu a palestra destacando a importância de levar a comunidade à reflexão sobre a temática. Esteve presente na abertura do evento, o Pró-reitor de Graduação, Luiz Mello, que destacou a necessidade de refletir sobre nós mesmos e de nos atentarmos para o outro: “Quanto mais nos conectarmos, integrarmos, menor a chance do suicídio”, afirmou.

Para discutir sobre o tema foi convidado o professor e psicólogo Marcelo Tavares da Universidade de Brasília (UnB). A palestra, que a princípio tinha como tema “Por que uma pessoa se suicida?”, foi apresentada com o tema “Conectar, comunicar, cuidar – O que leva uma pessoa ao suicídio e como preveni-la?”. O professor explica que dizer “por quê” é como dizer “você não deveria ter feito”, sem uma perspectiva crítica de quem está em sofrimento.

"Em nossa sociedade as pessoas sofrem sozinhas", afirma o professor Marcelo Tavares

O suicídio mata mais de 800 mil pessoas por ano de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), por outro lado, atinge cerca de 200 milhões de pessoas, quando consideramos as pessoas diretamente ligadas a quem tenta ou comete suicídio. Ele explica que desenvolver intimidade com esse tema requer coragem, pois nossa sociedade não quer se abrir para isso. Marcelo Tavares também explica que, para lidar com um paciente de risco é preciso estar preparado internamente.

O professor destacou pesquisas que apontam fatores de risco e proteção para o suicídio e explica que esses fatores identificam os grupos de risco, mas não quem irá cometer o suicídio. Entre os dados apontados estão que na idade entre 15 e 25 anos há mais tentativas de suicídio entre os pacientes de risco, que homens se matam três vezes mais que mulheres, mas as mulheres tentam o suicídio três vezes mais que os homens, no entanto, elas tem mais facilidade de buscar ajuda.

Ele explica que prevenir é tirar a pessoa de um grupo de risco. O professor destacou iniciativas de programas que auxiliam crianças e jovens a compartilhar experiências e usar a experiência do outro para o processo de elaboração de suas emoções e de como lidar com elas. Também explicou sobre as fases do comportamento suicida que começam na ideação, quando as pessoas começam a idealizar com frases como “não suporto mais”, “eu queria sumir”, a comunicação, o planejamento, a tentativa e o suicídio.

Para o professor, a sociedade em que vivemos não acolhe o outro: “As pessoas sofrem sozinhas e isso as leva ao suicídio”, afirma. Ele explica ainda que, para a saúde mental de todos nós, precisamos criar vínculos com as nossas gerações, mas também com as gerações seguintes, prevenindo o suicídio no envelhecimento. E a melhor forma é conversar: “Quando conversamos, criamos oportunidades para que as pessoas procurem ajuda”. Ele desafia a todos a fazer alguns exercícios, o primeiro é, quando alguém perguntar: “Tudo bem?” responder “Não”. Segundo ele, quando a pessoa pergunta porque e você diz o por quê, ela costuma responder com frases como “Vai passar”, “Não se preocupe”, o que, na verdade, quer dizer “Cale a boca”. Por outro lado, ele sugere outro exercício: ao invés de dizer “Tudo bem?”, diga “Como você está?”, se a pessoa responder “Tudo bem”, pergunte: “Tudo bem mesmo?” e esteja disposto a ouvir. Essa disposição em ouvir, aceitar, compreender a dor do outro e ser empático é o que pode ajudar a prevenir o suicídio de uma pessoa em risco potencial.

Setembro Amarelo - A programação em Goiânia continua até o dia 29 de setembro. Confira aqui os outros eventos .