O Brasil e a crise dos mísseis

Participação brasileira na Crise dos Mísseis é discutida na UFG

On 08/24/16 15:06 .

Seminário reuniu o embaixador Rubens Ricupero e o professor da George Washington University, James G. Hershberg

Fotos: Ana Fortunato

Muitos podem não saber, mas o Brasil desempenhou um importante papel no episódio conhecido mundialmente como a Crise dos Mísseis, que no início da década de 1960, durante a Guerra Fria, assustou o planeta com a possibilidade de uma guerra nuclear. Para falar sobre o assunto, o Núcleo de Estudos Globais da UFG promoveu um encontro entre o embaixador Rubens Ricupero, o professor da George Washington University, James G. Hershberg, e o professor da Faculdade de Ciências Sociais da UFG, Carlo Patti, na manhã desta quarta-feira (24/8), no auditório da Biblioteca Central, no Câmpus Samambaia.

O reitor da UFG, Orlando Amaral, esteve presente e recebeu os convidados. Na ocasião, ele destacou a importância de eventos como aquele para que a UFG fosse cada vez mais reconhecida internacionalmente. Ele também falou sobre o fortalecimento do curso de Relações Internacionais da instituição. “Essa graduação foi um sonho da nossa Universidade durante muito tempo. Com a expansão do ensino superior nos últimos anos, conseguimos criar criar esse curso na UFG, que tanto nos orgulha. Sabemos das dificuldades enfrentadas, mas estamos dispostos a transpor todos os desafios para o fortalecimento dessa área na Universidade”, afirmou.

O Brasil e a crise dos mísseis

Estudantes de diversos cursos prestigiaram o evento que, segundo o reitor da UFG, Orlando Amaral, fortalece a influência da Universidade

A primeira palestra do encontro ficou a cargo do embaixador Rubens Ricupero, que fez um relato sobre a atmosfera brasileira à época do conflito: “Havia um sentimento compartilhado por todo o planeta de medo de ser aniquilado pelas guerras nucleares. Nós não sabíamos se haveria futuro”. Segundo o palestrante, esse sentimento era ainda mais intenso na América. “Todos achavam que se algo acontecesse, seria na Alemanha. A percepção de que os caminhos que a revolução cubana estava tomando era para o comunismo demorou a se generalizar. Ninguém acreditava que isso aconteceria”, disse.  

Rubens Ricupero contextualizou a Revolução Cubana e a polarização da opinião pública brasileira sobre o assunto. De acordo com ele, o Brasil estava dividido como um todo e essa era apenas mais uma questão em que refletia as diferenças políticas nacionais. “No entanto, um sentimento prevaleceu: havia medo do Brasil se tornar a próxima Cuba”, afirmou.

O Brasil e a crise dos mísseis

O embaixador Rubens Ricupero relatou sua experiência no Ministério das Relações Exteriores brasileiro durante a década de 1960

Envolvimento do Brasil

A explicação sobre a real participação brasileira na Crise dos Mísseis foi feita por James G. Hershberg, que estuda as relações internacionais dos Estados Unidos na Guerra Fria e, ao pesquisar os arquivos sobre esse tema, soube de uma visita oficial de um representante do Brasil a Fidel Castro, levando uma proposta para a solução do conflito. Segundo ele, John F. Kennedy, o presidente americano, estava apavorado com a possibilidade de um ataque e, muito pressionado, procurou a diplomacia brasileira para levar uma sugestão a Fidel, como se fosse uma proposta do Brasil, sugerindo que os cubanos retirassem os mísseis de seu território para assim não ocorrer uma ataque ao país e a revolução cubana prosseguir com suas ações.

“Quando eu falava que estudava a dimensão brasileira nessa crise, ninguém acreditava. Na verdade, quando o Brasil fez essa intervenção, as pessoas ridicularizaram. Depois de 40 anos conversei com Fidel Castro e nem ele sabia que era uma mensagem de  Washington. No entanto, esse episódio estimulou o Brasil a ter uma ideia de uma América Latina livre de armas nucleares”, disse. James G. Hershberg também falou sobre a importância de estudar arquivos diplomáticos internacionais para buscar novas versões de fatos históricos. Nesse ponto, elogiou o trabalho desenvolvido na UFG e por Carlo Patti.

O Brasil e a crise dos mísseis

James G. Hershberg falou sobre as relações internacionais durante a Crise do Mísseis. Ele estuda o teor de mensagens diplomáticas dessa época

Source: Ascom UFG

Categories: última hora Relações Internacionais