Diplomata discute desafios da política externa brasileira
Rubens Ricupero fez um panorama do cenário mundial e afirmou que ainda não está claro qual será o posicionamento do Brasil nesse contexto
Texto: Angélica Queiroz
Fotos: Adriana Silva
A comunidade acadêmica participou, na tarde desta terça-feira (23/8), de um momento de reflexão a respeito de como está o mundo ao qual o Brasil quer se integrar e de como o país pode encontrar caminhos no sistema internacional atual. O convidado que conduziu o debate foi o diplomata Rubens Ricupero, que explicou aos presentes sobre as mudanças recentes no cenário mundial e sobre a crise política e econômica brasileira.
O professor Carlo Patti, que organizou o evento pelo Núcleo de Estudos Globais da UFG, da Faculdade de Ciências Socias, no âmbito do projeto de pesquisa "Vulnerabilidade Nuclear Global", coordenado por ele, apresentou o palestrante como um dos grandes pensadores da política externa brasileira e ressaltou que o cenário político e econômico mundial têm mudado de maneira muito significativa e que, por isso, a discussão do assunto é de extrema importância nesse momento.
Rubens Ricupero começou sua fala com uma provocação: “a política externa brasileira hoje não existe porque não há governo”, afirmou, se referindo ao momento de transição política e incertezas vivido pelo país. Em seguida, o palestrante apresentou as principais mudanças mundiais experimentadas nos últimos dez anos. Segundo ele, esse período apresentava um contexto internacional que se alterou muito. Ricupero citou como exemplo a crença de que havia espaço para um mundo policêntrico. “Essa crença de que havia espaço para atores médios foi testada e o teste não deu certo”, lamentou.
Para Ricupero atual sistema político brasileiro é insustentável
O diplomata lembrou ainda o período de grande crescimento econômico do Brasil, impulsionado pelas exportações para a China. “O Brasil era visto como exemplo de sucesso, com programas sociais admiráveis e economia em crescimento. Isso tudo acabou”, afirmou. Segundo Ricupero, com as muitas mudanças que ocorreram nos últimos anos em todo o mundo, ainda não está claro que tipo de posicionamento o Brasil quer ter nesse novo mundo. Ele lembrou que o país precisa se reconstruir política e economicamente para voltar a se destacar mundialmente. “Nesse momento a prioridade é a sobrevivência”, pontuou.
Para Ricupero, o ciclo político iniciado no fim da ditadura militar, com a Constituição de 1988, está se esgotando. “Não creio que o passado se repita porque as circunstâncias são outras. Mas acho que esse sistema está dando sinais de esgotamento e não vejo em nenhuma esfera iniciativas para a auto reforma profunda que se faz necessária”, explicou. O especialista criticou ainda a proliferação de partidos políticos e ressaltou a necessidade de que o nosso sistema política seja reformulado. “Esse sistema é inviável e vai destruir o país. Não vejo forças para sairmos disso porque ideias não faltam, falta interesse em aplicá-las. Com essas condições não dá para termos uma grande político externa”, explicou, justificando a fuga ao tema principal na maior parte da atividade. Em seguida, o convidado respondeu à questionamentos da plateia, em debate.
Comunidade acadêmica participou do debate sobre as possíveis saídas para a recuperação do Brasil no cenário mundial
Source: Ascom UFG
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