ciclo de debates

Comunidade acadêmica debate questões de gênero

On 08/18/16 15:36 .

Discussões fazem parte do I Ciclo de Debates: gênero, violência e juventude do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais

Texto: Camila Godoy

Fotos: Ana Fortunato

O feminismo e as desigualdades de gênero foram temas de um debate no Instituto de Estudos Sócio-Ambientais (Iesa) da UFG na manhã desta quita-feira (18/8). Na ocasião, as professora da Universidade Estadual de Goiás, Lorena Francisco de Souza, palestrou sobre o assunto na perspectiva da Geografia, enquanto a professora da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Lúcia Helena Rincón, analisou a questão apoiada no materialismo histórico. As apresentações abriram as discussões do I Ciclo de Debates: gênero, violência e juventude, que segue com programação até o dia 19 de agosto.

O vice-diretor do Iesa, Vanilton Camilo de Souza, a coordenadora de ações afirmativas da UFG, Luciene Dias, e a representante do Centro Acadêmico da Geografia da UFG, Janaína Borges de Souza, receberam os convidados e deram inicio ao evento. Vanilton Camilo destacou a importância do debate: “Há algum tempo o Iesa tem se preocupado em debater gênero e violência, principalmente por meio do laboratório LaGENTE. Esses debates só vêm para fortalecer ainda mais nossas discussões”.

Luciene Dias agradeceu a oportunidade do evento protagonizar sujeitos silenciados socialmente e apresentou parte do trabalho da  Coordenação de Ações Afirmativas da UFG (Caaf), que, entre outros aspectos, funciona como um canal de escuta da Universidade. “Esse é um espaço para ouvirmos a comunidade e assim construirmos políticas públicas eficazes. Nós queremos o bem viver, tanto na Universidade como em qualquer outro lugar. Para tanto, é necessário denunciar e conhecer.  Estamos à disposição para criar novos canais de interlocução”, destacou.

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A estudante Janaína Borges de Souza e os professores Vanilton Camilo de Souza e Luciene Dias abriram os debates

Gênero, corpos e direitos

Para abrir a primeira mesa-redonda do evento, a professora Lorena Francisco de Souza trouxe alguns elementos da Geografia, que segundo ela pensa os sujeitos masculinos e femininos em suas relações sociais no espaço e se preocupa em pensar a invisibilidade do corpo feminino. De acordo com a palestrante, historicamente foram desenvolvidos ideais e padrões de comportamento específicos para homens e mulheres. “Com as mudanças sociais a econômicas, como por exemplo o aumento da escolaridade feminina, passaram a existir questionamentos sobre esses padrões. Foi então que o feminismo surgiu, tanto como uma teoria, quanto como um movimento social, que luta pela superação das desigualdades. O feminismo desestruturou as relações de gênero”, afirmou.

Ao falar sobre o movimento, Lorena Francisco de Souza observou um novo contorno envolvendo a questão racial. “Parte do feminismo começou a notar uma característica da sociedade dominante: os privilégios das mulheres brancas. Assim, buscou-se enegrecer o movimento”, disse. Para ela, essa é uma segunda luta. “Acreditamos no poder das políticas públicas como forma de romper tais desigualdades”, afirmou.

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Lorena Francisco de Souza falou sobre as origens do feminismo e os desafios para enegrecer o movimento

Lúcia Helena Rincón foi a segunda palestrante da manhã e falou sobre as condições culturais de diferenciação dos corpos. Ela acredita que a base disso está nas relações de poder, que definiu o homem como elemento do espaço público, aquele que trabalha e produz, e a mulher como elemento do espaço privado, doméstico, que reproduz a espécie. No entanto, segundo ela, há uma hierarquia nessas relações. “Hoje, no capitalismo, apenas o que está no mercado e é produtivo tem valor. Só que tanto a produção quanto a reprodução exigem corpos e produzem corpos. Quero ver como fica a sociedade se todas as mulheres ficarem 30 anos sem engravidar”, questionou.

Assim, para a palestrante Lúcia Helena Rincón, os corpos abrigam construções de sonhos e, dependendo de sua “classificação”, sofrem violências. “Discutir e estudar gênero nos permite repensar essa diferença sexual do trabalho . A luta dentro da universidade nos exige a desconstrução de dicotomias”, afirmou. Em seguida, o público pôde apresentar questionamentos e participar do debate.

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 Lúcia Helena Rincón abordou as relações de poder envolvidas nas questões de gênero

Source: Ascom UFG

Categories: última hora IESA Debate gênero