Astronomia no ensino da escola base é tema de mesa-redonda
Atividade faz parte do último dia do IV Simpósio Nacional de Educação em Astronomia
Texto: Júlia Pontes
Fotos: Carlos Siqueira
No ano de 1988 uma nova Constituição passou a vigorar no Brasil. Juntamente com as várias mudanças que as novas leis trouxeram, muito foi mudado também na educação. A partir daquele momento, determinados conteúdos foram considerados obrigatórios no Ensino Fundamental. Porém, com a Reforma Liberal na década de 90, outras mudanças vieram, principalmente no campo educacional. Foi instituída uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC), onde deveria constar as matérias a serem ministradas nos ensinos infantil, fundamental e médio. A partir disso, o Ministério da Educação (MEC) e o Conselho Nacional de Educação elaboraram, cada um, parâmetros e diretrizes educacionais a serem seguidas.
Diante da falta de uma única BNCC, o Plano Nacional de Educação (PNE) promulgou como lei, em 2014, um prazo até o ano de 2016 para que essa BNCC ficasse pronta. Assim, o MEC, juntamente com 116 especialistas, formou um BNCC e o publicou em setembro do ano passado. Após a publicação, o documento ficou em aberto para opinião pública até março deste ano, para que as contribuições de outras pessoas fossem levadas em consideração. Sua segunda versão, após as considerações públicas, foi divulgada no dia 3 de maio. Agora, as mudanças só poderão ser feitas por meio de seminários estaduais. A formulação deste BNCC e a ausência da Astronomia nele foram os assuntos da mesa-redonda que encerrou o último dia de atividades do IV Simpósio Nacional de Educação em Astronomia (SNEA). O evento foi realizado no Instituto Federal de Goiás (IFG), tendo início nesta terça-feira (26/7) e se estendendo até esta sexta (29/7).
Astronomia nas Bases Nacionais Comuns Curriculares é discutida no IV SNEA
Quem compôs a mesa de discussão foram Geovana Reis, professora da Faculdade de Educação da UFG, e as professoras da Universidade de São Paulo (USP), Elysandra Figueredo e Cristina Leite. No começo, a fala foi de Geovana Reis, que contextualizou toda essa questão histórica da constituição do BNCC. Depois dela, a fala foi de Elysandra Figueredo, que tratou da mobilização feita pela Sociedade Brasileira de Astronomia (SAB) diante da ausência do conteúdo nessa segunda versão do BNCC.
Professora Elysandra Figueredo fala sobre mobilização da Sociedade Brasileira de Astronomia
Cristina Leite, que também participou da mobilização, ressaltou a importância do ensino da Astronomia na escola. Segundo ela, a disciplina é capaz de despertar sentimentos e inquietações; possui uma importância histórica, social e cultural; amplia a visão de mundo das pessoas e é um conteúdo interdisciplinar. Além disso, Cristina acrescentou uma visão crítica: “Muitas estruturas estão em jogo, os cursinhos, os apostilados, os cursos técnicos". Para ela, a instituição da BNCC atinge a todos e também significa um choque à diversidade de conteúdos que existem, já que há, de certa forma, uma uniformização do que será estudado.
Após a fala dos palestrantes, o espaço foi aberto para perguntas do público presente. Durante os quatro dias de evento foram realizados mesas-redondas, debates, conferências e atividades interativas no planetário da UFG. Além de proporcionar uma interação entre os pesquisadores de Educação em Astronomia, o IV SNEA também promoveu a discussão de pesquisas recentes e temas que interessam na área.
Fuente: Ascom UFG
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