Estudantes participam de bate-papo sobre violência de gênero
Debate promovido pelo Cepae teve a participação da delegada Laura de Castro Teixeira
Texto: Camila Godoy
Fotos: Ana Fortunato
A delegada da Polícia Civil de Goiás, Laura de Castro Teixeira, participou de uma mesa de debate com os alunos dos 2ºs anos do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (Cepae) sobre Violência de Gênero, na manhã desta sexta-feira (10/06). Atualmente lotada no plantão da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Goiânia, Laura de Castro ficou conhecida em todo o Brasil por ter se tornado a primeira delegada transexual do país, em 2013.
Depois de se apresentar e falar sobre sua carreira, Laura de Castro trouxe uma definição sobre o assunto do debate. Segundo ela, violência de gênero é aquela cometida contra pessoas que se comportem de maneira diferente do padrão imposto historicamente e socialmente ao seu gênero e exemplificou: “Tradicionalmente, a mulher deve ser submissa ao homem, que deve ser o provedor da família. Quando algumas mulheres começaram a trabalhar fora de casa e a não aceitarem a submissão, elas foram fortemente atacadas por familiares e pela sociedade”. Em seguida, a delegada abriu a oportunidade para o público fazer perguntas.
Um dos estudantes questionou a delegada sobre quais os tipos de violência contra mulheres mais frequentes. Laura de Castro afirmou que a maior parte das ocorrências recebidas na Deam se referem a crimes de ameaças, injúrias e lesão corporal, respectivamente. Ela aproveitou para alertar os alunos sobre os perigos da violência psicológica. Segundo a delegada, muitos agressores são trabalhadores, moram na mesma residência da vítima e não entendem quando são presos. “Eles falam: nem bati na minha mulher. Por que estou aqui. No entanto, a violência não é apenas física”, explicou.
A convidada, Laura de Castro, falou sobre sua experiência como delegada na Deam
Laura de Castro também foi questionada sobre os trâmites legais envolvendo violência contra mulheres. Ela explicou os procedimentos a serem adotados em diversas situações e destacou a celeridade nas investigações envolvendo esse tipo de agressão. Para ela, ainda que muito dos seus trabalhos sejam frustados, no geral a ação da Delegacia da Mulher é bastante efetiva. Ainda assim, segundo Laura de Castro, tudo está atrelado ao interesse da vítima em procurar seus direitos e que isso só pode ser alcançado com conscientização e educação.
Um dos pontos mais polêmicos do encontro abordou a recorrência dos crimes contra mulheres. “É muito comum que mulheres retirem o Boletim de Ocorrência contra seus agressores e os perdoem. Meu conselho é sempre este: ‘Se agrediu uma vez, vai agredir novamente’. No entanto, não podemos interferir na liberdade da vítima. Nós nos esforçamos para aconselhar e, caso a violência recorra, tratar a situação como se fosse um fato totalmente novo”, disse.
Estudantes questionaram sobre diversas abordagens do assunto
Assuntos como machismo nas investigações, estupros, crimes homofóbicos e a transexualidade da delegada também foram abordados no debate. A professora de História, Ana Maria Dias, intermediou os questionamentos e fez algumas pontuações. O encontro faz parte da programação da Semana da Conscientização e Promoção da Cidadania, promovido pela direção do Cepae, e que contou com uma palestra com o pró-reitor de Graduação da UFG, Luiz Mello, sobre Ensino Superior, para finalizar as atividades.
Quelle: Ascom UFG
Kategorien: violencia contra a mulher CEPAE
