Psicóloga conversa com pais sobre a importância dos limites

Texto: Angélica Queiroz

Fotos: Adriana Silva

Pais de estudantes do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (Cepae) participaram na tarde desta quinta-feira, 9/06, de conversa com a psicóloga e professora da Faculdade de Educação da UFG, Susie Amâncio, sobre o desafio para pais e educadores em impor limites para as crianças e adolescentes. A atividade é parte da programação da Semana de Conscientização e Promoção da Cidadania 2016.

Susie Amâncio afirmou que este é um assunto que precisa ser discutido com muita coragem e ética. “Estamos vivendo numa sociedade que, mesmo com todo acesso à tecnologia e informação, tem se tornado mais bárbara e intolerante. Isso é reflexo da falta de limites”, afirmou a pesquisadora, ao introduzir o assunto. A psicóloga explicou aos pais que a interiorização dos valores depende da convivência da criança ou adolescente com eles. “Esses valores não são naturais, são construídos arduamente. Não adianta eu gritar com o meu filho e querer que ele não grite”, exemplificou. 

Susie Amâncio lembrou que as crianças e adolescentes precisam dos limites para conviver em sociedade e com suas próprias frustrações

Segundo a professora, muitas famílias têm deixado a responsabilidade de educar para a escola, a natureza ou a mídia e ressaltou que essa transferência não deve ser feita porque a consciência ética deve ser criada em família, naturalmente. “Limites devem ser criados dentro de casa”, afirmou. Susie Amâncio revelou que o número de crianças e adolescentes com transtornos psicológicos ou depressão têm aumentado consideravelmente e alarmado os profissionais da área. “Nossos adolescentes estão pedindo por limites. É a noção de limite que dá maturidade para que a pessoa consiga lidar com as frustrações da vida sem se desintegrar”, lembrou.

Para a pesquisadora a sociedade está pagando um alto preço por não compreender as noções de limites, direitos e deveres. “Muitos pais deixam os filhos fazerem escolhas para as quais eles não estão preparados”, criticou. A especialista explicou que a liberdade só tem valor em um contexto onde ela é um bem para todos e afirmou que o limite entre a autonomia e o respeito à autonomia do outro é muito tênue. Segundo Susie Amâncio, quando os pais dão aos filhos um bem pelo qual não podem pagar, por exemplo, estão construindo crianças e adolescentes sem noção nenhuma dos limites da família e da sociedade. “Formar uma pessoa deveria ser a profissão mais valorizada do mundo porque é um grande desafio”, concluiu.

Segundo o diretor do Cepae, Alcir Horário, a palestra foi uma iniciativa da escola a pedido dos próprios pais. “Penso que o que foi dito aqui será de muito proveitoso. Para termos uma escola melhor é preciso assumir que temos problemas e procurar formas de saná-los. Não podemos ficar sempre transferindo nossas responsabilidades para o outro”, defendeu. Os pais elogiaram bastante a atividade e aproveitaram para tirar várias dúvidas com a professora. A dona de casa Maria de Jesus, mãe de um aluno do nono ano, afirmou que pretende usar em casa muito do que aprendeu durante a conversa. “É muito difícil impor limites, mas entendendo a importância deles, é algo com o que vou me preocupar mais de agora para frente”, afirmou.