UFG recebe Moçambique do Tonho Pretinho
Cortejo marcou a primeira exibição do documentário Na Angola tem na UFG
O Câmpus Samambaia recebeu na tarde desta sexta-feira (3/6), a folia Moçambique do Tonho Pretinho, como parte do projeto “Memórias e cantos do Moçambique do Tonho Pretinho”. O projeto está sendo realizado pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e pela Universidade de Brasília (UnB) por meio de convênio do IPHAN com a Fundação de Apoio à Pesquisa (FUNAPE /UFG) e inclui a realização de livro com CD e DVD, exposição de fotografias, Inventário de Referências Culturais e oficinas de música, canto e dança conduzidas pelos moçambiqueiros em Brasília e Goiânia.
A Coordenadora de Cultura da Pró-reitoria de Extensão e Cultura, Flavia Cruvinel, recebeu a bandeira do cortejo na Reitoria, representando o Reitor da UFG, Orlando Amaral. Em seguida, o grupo seguiu para a Faculdade de Artes Visuais (FAV) e de Ciências Sociais (FCS), até chegar ao Cine UFG, onde foi exibido o documentário Na Angola tem, dirigido pelo professor da FCS, Sebastião Rios e por Talita Viana. O documentário também foi exibido em Brasília, no Auditório II, anexo térreo do Museu Nacional.
Flávia Cruvinel recebeu a bandeira em nome do Reitor
Funcionários da Reitoria prestigiaram a tradição
O Moçambique do Tonho Pretinho
O Moçambique do Tonho Pretinho é responsável pela Festa do Reinado de Nossa Senhora do Rosário da Boa Viagem (bairro rural de Itapecerica –MG) e também de outros reinados da região: sua presença é fundamental no levantamento e descida dos mastros e é dele a primazia nos cortejos dos reis congos (perpétuos) e festeiros (eletivos). Esta responsabilidade se relaciona à obrigação de zelar pela dimensão espiritual da festa, sustentada, para além da devoção aos santos católicos, no culto de entidades e ancestrais de origem africana.
O Projeto
As várias ações do projeto “Memórias e cantos do Moçambique do Tonho Pretinho”convergem para seu principal eixo, que é a salvaguarda e divulgação das concepções religiosas e das práticas culturais próprias dos descendentes de africanos na América. Na exposição de fotografias e no documentário, especificamente, é apresentado um pouco deste Moçambique tão comprometido com a tradição das danças, dos ritmos, das concepções religiosas e dos sentidos dos cantos presentes no Congado; sentido que, embora ligado à memória ancestral, atualiza-se em cada edição da festa.
O projeto foi realizado em diálogo com os integrantes do Moçambique, que participaram da elaboração dos roteiros de captação e de edição de imagem e também do roteiro de gravação de áudio e da seleção das faixas do CD. A partir de oficinas de registro de bens culturais e de audiovisual, os integrantes mais jovens do grupo atuaram como assistentes de pesquisa e de captação de imagem.
A festa
O Moçambique do Tonho Pretinho se destaca por sua fidelidade às concepções religiosas e às práticas culturais próprias dos descendentes de africanos na América que deram forma ao Congado. Ele é herdeiro e tributário de uma tradição forte e enraizada na região de Itapecerica –MG, que conta com quase dois séculos de existência.
Nas cerimônias de coroação de reis congos nas festas de Nossa Senhora do Rosário, os tambores e as danças invocam de um modo africano os santos católicos e conferem a seu culto desdobramentos e significações novas nesta manifestação híbrida do catolicismo negro de raiz banta no Brasil. Na festa, os principais santos homenageados são Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, Santa Efigênia e Nossa Senhora das Mercês. Os santos têm sua corte composta por rei e rainha congos, perpétuos, e rei e rainha eletivos, tradicionalmente de promessa. Os ternos –moçambique, catopé, vilão, congo, marinheiro etc –“trabalham”para os santos, tocando, cantando e dançando na rua e nas casas. Durante sua evolução, o capitão canta os versos e os demais componentes respondem em coro. Os capitães vão tirando os versos para as várias funções –visita aos festeiros, busca dos mordomos para o levantamento dos mastros, acompanhamento de reis e rainhas, cortejo da princesa Isabel, que também passa a ser homenageada em algumas localidades nas comemorações da abolição.
Por ser a guarda preferida de Nossa Senhora do Rosário −aquela que retirou Nossa Senhora do mar (ou da gruta, em algumas variantes), num episódio do mito fundador da festa que caracteriza a identificação da santa com a humildade e o sofrimento dos escravos −, o Moçambique éo principal responsável pela preservação dos mistérios e da sacralidade da festa. Por isso, tem primazia nos cortejos, cabendo a ele a função de puxar reis e rainhas congos e a coroa de Nossa Senhora do Rosário. Os demais ternos abrem o caminho e conduzem os reis eletivos.
资源: Ascom UFG
类别: Última hora
