Jornada universitária discute reforma agrária
Durante abertura, comunidade universitária e representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) debateram sobre atual contexto político no país
Texto: Angélica Queiroz
Fotos: Ana Fortunato
Na manhã desta segunda-feira (9/5), representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), estudantes, professores, pesquisadores e comunidade em geral, reuniram-se no auditório do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais da UFG (Iesa), para discutir a conjuntura política e o projeto capitalista para o campo brasileiro, durante a abertura da III Jornada Universitária em apoio à Reforma Agrária (Jura), realizada pelo Laboratório de Estudos e Pesquisas das Dinâmicas Territoriais (Laboter). O evento continua até a próxima quinta-feira (12/5).
O estudante de pós-graduação Thiago Melo, fez a abertura do evento e a mediação da discussão, ressaltando que o atual momento político fragiliza o debate e que, por isso, é tão importante incentivar esse diálogo. “Precisamos voltar a pautar a reforma agrária de forma massificada dentro das universidades”, afirmou, lembrando os 20 anos do massacre Eldorado dos Carajás, que deve ser lembrado durante toda a III Jura.

Representantes do MST adentraram ao auditório entoando hinos de luta

Encenação sobre lutas do campo emocionou a plateia
Representante do MST, Gilvan Rodrigues Moreira, afirmou que o assunto Reforma Agrária extrapola o interesse dos sem-terra e precisa ser discutido na academia. Gilvan Moreira relacionou o momento político do país com o de outros países da América Latina. “O momento requer atenção para entender se há um orquestramento em conjunto das forças conservadoras”, pontuou. Segundo ele, os movimentos sociais conseguiram poucos avanços nos últimos anos para superar questões sociais latentes, mas é preciso lutar para garantir a manutenção das poucas conquistas já alcançadas. Ele lembrou que o meio ambiente também sofre em função do avanço do capital sobre o campo e ressaltou que, mais do que nunca, as lutas precisam se articular. “Em momentos de repressão, ou a gente se une, ou não sobrevive”.
Professor da Faculdade de Ciências Sociais da UFG (FCS), Francisco Tavares, também ressaltou a importância de se discutir o tema na universidade. Francisco Tavares lembrou que o Brasil é exportador de commodities agrícolas e minerais, com baixíssimo valor agregado. “Nosso país explora sua terra da maneira mais irracional possível para atender a grandes compradores”, criticou. O pesquisador lamentou os poucos avanços nos últimos anos, lembrando que a desapropriação de terras para a Reforma Agrária praticamente parou e que 2015 foi o ano com mais mortos em conflitos no campo nos últimos 12 anos. Francisco Tavares fez críticas à esquerda brasileira que, segundo ele, precisa unir-se e identificar seus próprios problemas. “Ela precisa parar de se vitimizar e perceber sua responsabilidade”, afirmou.
Professor do Iesa, Manoel Calaça, contou algumas de suas experiências em assentamentos e levantou uma hipótese sobre a tentativa de criminalização de movimento sociais. “Penso que o MST era aceitável e tolerável enquanto atuava apenas na periferia do agronegócio”, provocou. O professor concluiu afirmando que é preciso reaglutinar forças, para além da sala da aula. “O que vem por ai é muito incerto. Precisamos prestar muita atenção e trazer esse debate de fato para a academia, para reacender a chama dos movimentos sociais e populares”.

Debatedores lamentaram poucos avanços na luta pela reforma agrária nos últimos anos
A III Jornada Universitária em apoio à Reforma Agrária continua com programação até o dia 12 de maio. Confira a programação.
Fonte: Ascom UFG
Categorie: Última hora IESA reforma agraria
