
Novas tecnologias e pesquisa antropológica são tema de palestra
José Ribeiro, professor visitante na UFG, explorou as possibilidades de pesquisa no campo da Antropologia Visual
Texto: Caroline Pires
Fotos: Carlos Siqueira
Os caminhos e alterações da Antropologia Visual ao longo dos anos foram temas abordados em palestra de José Ribeiro, da Universidade Aberta de Portugal, na manhã desta quinta-feira (28/4), no Auditório da Faculdade de Artes Visuais (FAV) da UFG. O professor apresentou as fases históricas da área e o que tem sido estudado para elucidar os campos, linguagens, práticas e tecnologias envolvidas no processo de pesquisa em Antropologia Visual. José Ribeiro expôs as sete fases dos estudos em Antropologia Visual e elaborou um paralelo com a pesquisa etnográfica, tão utilizada nos estudos antropológicos.
Passando pela pesquisa documental, a fotomontagem e a montagem cinematográfica, o docente destacou momentos como a introdução do gravador de áudio nas ciências sociais, que permitiu que os povos pudessem se exprimir sem intermediários. Outro marco importante, de acordo com o professor, foi o filme Chronique dún été (1960), que apresentou uma proposta de alteração de campos de estudos na Antropologia Social, que retornou as pesquisas de tribos isoladas para o registro de jovens parisienses, a partir de perguntas simples como “É feliz?” e “Como vivem?”. “É um retorno do estudo antropológico das margens para o centro”, explicou.
Com o desenvolvimento de tecnologias e a circulação de obras de forma mais acessíveis, esse processo culminou com as etnografias audiovisuais inclusivas e a noção de Antropologia Participativa, que visa promover e desenvolver metodologias e modos de comunicação transculturais, onde o indivíduo inicialmente pesquisado, passa a ser co-autor do trabalho etnológico. Nessa perspectiva o foco da antropologia não são mais comunidades paradas no tempo, mas sim pensar como se pode criar dispositivos que sejam capazes de focalizar aspectos dessa era de mudança. “Comunidades indígenas podem não ter domínio das letras, mas podem ter acesso a smartphones”, exemplificou.
Alunos das Pós-graduação em Antropologia Social (PPGAS) e Arte e Cultura Visual (PPGACV) acompanharam a palestra
José Ribeiro lembrou que foi a partir de uma demanda dos alunos da Universidade Aberta de Portugal que se alterou o foco do ensino de Antropologia Visual e a a produção de conhecimento desta área na instituição - inicialmente focado em materiais fotográficos e cinematográficos passando para pesquisas que se utilizam de novas tecnologias. O professor afirmou que é possível, inclusive, pensar trabalhos de campo em Antropologia Visual com a Second Life, onde é viável buscar entender a construção da imagem do sujeito.
Durante os próximos meses José Ribeiro ministrará disciplinas nos programas de Pós-graduação em Antropologia Social (PPGAS) e Arte e Cultura Visual (PPGACV), como professor visitante da UFG.
Segundo o professor, os pesquisadores devem estar atentos as possibilidades da pesquisa etnográfica digital em meio as mudanças tecnológicas
Fonte: Ascom/UFG
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