Palestra

Cotas e encontro de saberes são debatidos na UFG

On 04/26/16 14:25 .

Professor da UnB que foi o convidado para a quarta atividade da programação de boas-vindas 2016 da Regional Goiânia

Texto: Angélica Queiroz

Fotos: Victor Martins

Na manhã desta terça-feira (26/4), estudantes, professores e comunidade em geral lotaram o Auditório Prof. Lauro de Vasconcellos, das Faculdades de História, Filosofia e Ciências Sociais da UFG, no Câmpus Samambaia, para participar da quarta atividade da programação de boas-vindas 2016 da Regional Goiânia, com o professor da Universidade de Brasília (UnB), José Jorge de Carvalho. O convidado ministrou a palestra “Cotas e encontros de saberes: de uma universidade eurocêntrica e excludente a uma universidade inclusiva e pluriepistêmica” e participou de diálogo com o público. Na próxima sexta-feira (29/4), o pró-reitor de Pós-Graduação, José Alexandre Diniz, encerra a programação de boas-vindas 2016 da Regional Goiânia com a palestra “Nosso lugar na natureza”, que acontecerá no Planetário da UFG, às 17h.

Representando o reitor, Orlando Amaral, o pró-reitor de Graduação da UFG, Luiz Mello, abriu a discussão que ele definiu como extremamente importante no atual momento econômico, político e cultural brasileiro. Segundo o pró-reitor é fundamental o debate sobre a universidade que queremos construir. Ele destacou programas institucionais como o UFGInclui, as cotas na pós-graduação e a licenciatura intercultural indígena e apresentou o convidado como um pesquisador fundamental para tratar do tema. Luiz Mello falou ainda da alegria de ver o auditório cheio. “Um dos nossos desafios é esse, de mostrar para os alunos que a universidade é muito mais que sala de aula e estar aberto a outras formas de conhecimento é sempre muito bacana”, afirmou.

Coordenadora de Ações Afirmativas da UFG, Luciene Dias, foi a mediadora do debate e destacou a presença no auditório de pessoas que, de acordo com ela, vem contribuindo para a construção de uma nova universidade, ensinando e aprendendo. “Queremos continuar acreditando que uma nova universidade é possível”, afirmou. Para Luciene Dias, é preciso renovar e pensar em políticas o tempo todo para dar conta da complexidade que é uma universidade diversa e plural, como a que está sendo proposta. “Por isso essas interlocuções devem ser fortalecidas, para continuarmos nessa caminhada”, concluiu.

Cotas e encontro de saberes

Luiz Mello apresentou o convidado como pesquisador fundamental para falar da universidade que é preciso construir

Propostas para construção de uma nova universidade

José Jorge de Carvalho apresentou uma retrospectiva sobre a discussão a respeito de cotas, celebrando o que chamou de princípio de um longo processo de inclusão. O convidado afirmou que as cotas são uma forma de, minimamente, reequilibrar a injustiça racial que existe no ambiente acadêmico e lembrou que a adoção de cotas na graduação é apenas o primeiro passo. O professor da UnB destacou o protagonismo da UFG em adotar cotas também na pós-graduação e lembrou que elas são condição para que o número de professores negros, pardos e indígenas também cresça. “Vocês conseguiram estabelecer esse valor e devem contribuir para irradiar isso”, provocou.

O convidado declarou, no entanto, que, apesar dos avanços inegáveis, na UFG como em outras instituições públicas de educação no país, ainda existe “racismo acadêmico”. José Jorge de Carvalho criticou o “eurocentrismo quase patológico” de alguns departamentos de pós-graduação e afirmou que, mesmo com as cotas, os processos seletivos ainda são excludentes. “É como se você entrasse em um jogo onde sempre perderá. É um mundo muito difícil de lidar quando acreditamos que existem também outras formas de pensar”, lamentou. Segundo o professor, desde o início da discussão sobre cotas nas universidades, foi colocada a reflexão de como esses alunos seriam recebidos em ambientes racistas, eurocêntricos e branqueados. “Tivemos que postergar essa discussão para um momento em que, pelo menos, as cotas estivessem asseguradas”, explicou.

José Jorge de Carvalho lembrou que as universidades brasileiras mais eurocêntricas e excludentes são também as mais bem colocadas em rankings internacionais. “Elas são aparentemente as que mais dão certo e há um paradoxo porque todas as outras se medem utilizando esse modelo como comparação. Fica difícil costurar conexões de saberes quando a proposta é justamente separá-los”, criticou. Para o convidado, outros saberes, tradicionalmente excluídos, precisam ganhar espaço dentro da universidade e é preciso haver uma “descolonização acadêmica”, assunto que só nos últimos anos começou a ser discutido.

Cotas e encontro de saberes

José Jorge de Carvalho falou sobre a necessidade de se incluir outros saberes na universidade e destacou que as cotas são apenas o começo

 

Cotas e encontro de saberes

Estudantes, professores e comunidade compareceram e participaram de debate com o professor após o final da apresentação

Source: Ascom UFG

Categories: cotas