Protagonismo das mulheres é debatido em mesa-redonda
Debatedoras evidenciaram que, apesar de avanços, desigualdade ainda prevalece
Texto: Angélica Queiroz
Fotos: Carlos Siqueira
Na tentativa de descobrir caminhos para avançar e quebrar barreiras na discussão sobre a presença da mulher na sociedade, a Associação de Pós-graduandos da UFG (APG/UFG), convidou cinco mulheres que participaram, na tarde desta terça-feira (5/4), no Cine UFG, de mesa-redonda sobre o protagonismo das mulheres na ciência e nos espaços de poder.
Coordenadora Nacional da União Brasileira de Mulheres (UBM), Lúcia Rincón, abriu o debate com dados sobre a inserção das mulheres em diferentes espaços mostrando, por exemplo, que dois terços dos analfabetos no mundo são mulheres, evidenciando o quanto, apesar dos avanços, o cenário ainda é desigual. Lúcia Rincón também ressaltou a prevalência das mulheres em carreiras ditas femininas, com menor valorização profissional e limitado reconhecimento social. “Para ganhar o mesmo que um homem, a mulher tem que estudar oito anos a mais”, lamentou.
Pró-Reitora de Pesquisa e Inovação da UFG, Maria Clorinda Fioravanti, pontuou as relações entre ciência, tecnologia e os movimentos feministas. Segundo a Pró-reitora, há mais mulheres que homens no Ensino Superior e mais mestres mulheres também. No entanto, quando são analisados os números do doutorado e os bolsistas em produtividade, os homens ainda são maioria.
“À medida que vamos subindo, o número de mulheres diminui e, infelizmente, isso se reflete no mercado de trabalho. Mas acredito que seja uma questão de tempo”, afirmou Maria Clorinda. Para ela, temos a tarefa de transformar o mundo em um lugar mais adequado e isso não é possível sem igualdade e justiça. “Lugar de mulher é na escola, na universidade, na ciência, na política e onde mais existir sociedade”, concluiu.
Lúcia Rincón ressaltou as diferenças salariais mesmo nos empregos ditos femininos
Membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e professora da Faculdade de Farmácia da UFG (FF/UFG), Carolina Horta Andrade, contou como os prêmios que ganhou mudaram sua carreira e falou da necessidade de acabar com os estereótipos na ciência. “Homens e mulheres são igualmente capazes e ciência também é coisa de mulher sim”. Para ela é preciso criar políticas públicas, lutar por mais equidade na representação e tomada de decisões e mais ações de promoção das pesquisadoras, como os prêmios especificamente para mulheres.
Carolina Horta discordou da Pró-reitora e afirmou que não é apenas uma questão de tempo para que as mulheres passem a ocupar mais os espaços. “Precisamos começar a refletir sobre outras questões. As universidades brasileiras ainda tem um longo caminho até a equidade de gênero porque as mulheres ainda são sub-representadas. Temos que formar redes e mudar a mentalidade. É uma questão cultural e não de tempo”, ressaltou.
A assessora parlamentar Dila Resende, que representou a deputada estadual, Isaura Lemos, destacou que as mulheres têm chegado aos espaços de poder muito a conta-gotas e que, mesmo quando conseguem, a permanência ainda é um desafio. Ela apresentou números que mostram que as senadoras, deputadas e vereadoras no Brasil ainda ocupam, em média, menos de 10% das cadeiras. Para Dila Resende, a educação sexista em casa e nas escolas ainda é um dos principais problemas. “Fomos criadas para servir. É por isso que precisamos ser empoderadas e feministas, sim, para ir rompendo essas barreiras”, provocou.
A ex-deputada estadual, Denise Carvalho, também convidada a falar, contou um pouco sobre sua experiência pessoal, desde que decidiu cursar Engenharia Civil, na década de 80 quando, segundo ela, as mulheres não eram bem-vindas no mercado de trabalho em uma área predominantemente masculina. De acordo com Denise Carvalho, o poder político é determinado pelo econômico e, como as mulheres ainda são excluídas do poder econômico, isso se reflete na representatividade nos espaços de poder. “Já estamos rompendo a barreira da educação, mas isso não significa romper a barreira da renda. E romper a barreira da renda ainda não significa poder econômico. E o poder econômico é masculino”, pontuou.
Quelle: Ascom UFG
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