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Seminário debate educação para pessoas com Síndrome de Down

Em 21/03/16 16:16.

Encontro propõe a ampliação de políticas públicas de inclusão para estudantes com deficiência 

Texto: Renato Rodrigues

Fotos: Carlos Siqueira

O Sistema Integrado de Núcleos de Acessibilidade (SINAce) da UFG realizou nesta segunda-feira (21/03), no Centro de Aulas D, no Câmpus Colemar Natal e Silva, o II Seminário sobre Síndrome de Down. O evento discutiu o tema “Educação Inclusiva: direitos, propostas e realidade do aluno com Síndrome de Down” e teve a participação de representantes do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), da Secretaria Municipal de Educação e Esportes de Goiânia (SME), da Associação Down de Goiás (Asdown-GO) e da Secretaria Municipal de Direito Humanos e Políticas Afirmativas (SMDHPA). Quebrando o protocolo e reafirmando a importância da educação inclusiva, tanto a abertura do Seminário quanto a cerimonial do evento foram conduzidos por duas jovens com Síndrome de Down. Em seguida, houve uma apresentação de dança do ventre feita pela dançarina Taynara Tré, que executou a performance e foi aplaudida.

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Taynara Tré apresentou duas performances de dança do ventre na abertura do II Seminário sobre Síndrome de Down

O Reitor da UFG, Orlando Amaral, afirmou que a Universidade já avançou bastante no processo de inclusão das pessoas. Ele citou que os prédios construídos mais recentemente incluem adaptações de acessibilidade e que ainda é preciso alterar alguns prédios antigos que foram edificados em um período em que não se discutia esse tipo de política pública. Orlando Amaral defendeu que o trabalho de mudar a concepção das pessoas vai além de se construir rampas de acesso para pessoas com deficiência. Para o reitor, há um grande desafio a ser superado pelo poder público de ampliar e aprimorar o acesso à educação inclusiva. “A biologia nos diz que a diferença é essencial, não haveria vida se não fôssemos diferentes”, concluiu.

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Cidinha Siqueira defendeu a criação de espaços com acessibilidade por parte dos setores de Engenharia e Arquitetura

A diretora do Núcleo de Acessibilidade da UFG, professora Vanessa Helena Santana Dalla Déa, ressaltou a importância da educação inclusiva para que estudantes com Síndrome de Down possam chegar à universidade. Ela explicou que muitos dos alunos tem plenas condições de ingressar no ensino superior e que um dos desafios para a universidade é ajudar a criar os meios para garantir esse acesso. “Por trás da deficiência há uma pessoa, uma personalidade com diferentes potenciais a serem explorados”, afirmou. Para Vanessa Dalla Déa, ainda existem barreiras na área de inclusão a serem superadas, embora várias melhorias já possam ser observadas na formação das crianças atendidas pela rede pública de ensino.

A superintendente de pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida da Secretaria Municipal de Direito Humanos e Políticas Afirmativas (SMDHPA), Cidinha Siqueira, avaliou que houve um avanço nas políticas públicas de inclusão nos últimos anos. “O processo de inclusão é lento, mas é paulatino”, comentou. Cidinha considera que a principal dificuldade encontrada por pessoas com deficiência está na forma como a sociedade se organiza, criando barreiras quem tem algum tipo de limitação. A superintendente destacou ainda que é importante que a engenharia e a arquitetura possam contemplar espaços que comportem todos, sem obstáculos para que pessoas com deficiência exerçam a sua cidadania. “Temos que lutar por inclusão, pela dignidade das pessoas. É a partir da diferença que o mundo se torna belo”, acrescentou.

Legislação

A coordenadora do Centro de Apoio Operacional (CAO) da Educação do Ministério Público de Goiás (MP-GO), promotora de justiça Simone Disconsi, palestrou sobre a legislação existente no Brasil criada para proteger o acesso de crianças com Síndrome de Down e outras deficiências ao ensino por meio das políticas públicas de educação inclusiva. Ela informou que as leis brasileiras são consideradas uma referência para o mundo na área de inclusão, porém a realidade encontrada nas unidades de ensino e outros espaços que recebem este público ainda é bem diferente. “As formas de discriminação são várias e acontecem por diversos motivos”.

A promotora explicou que a Constituição Federal é a norma que estabelece as regras da educação inclusiva a partir dos princípios da dignidade da pessoa humana e também esclareceu que a educação é um direito de todos, sem exclusões, sendo também um dever do Estado. Simone disse ainda que a inclusão de pessoas com deficiência no sistema de ensino vai além de garantir apenas a matrícula destes alunos especiais. “Incluir é também garantir uma educação de qualidade e a universidade tem um papel fundamental por atuar justamente na formação dos professores que terão que lidar com esta nova realidade”, concluiu.

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Participantes de Seminário debatem políticas públicas de acessibilidade e ampliação da educação inclusiva nas escolas 

Fonte: Asscom/UFG