Seminário Acessibilidade

Relatos de experiência abrem III Seminário de Acessibilidade na UFG

Em 01/03/16 11:14.

Evento, que ocorre junto com I Seminário Cartografias Existenciais, tem extensa programação até a próxima quinta-feira (3/3)

Texto: Angélica Queiroz

Fotos: Carlos Siqueira

“Apesar de se falar bastante em inclusão, ela ainda está muito no papel. Ao mesmo tempo em que somos incluídos, ainda somos excluídos”. A queixa é parte de um dos relatos de experiência do I Seminário Cartografias Existenciais e III Seminário de Acessibilidade na UFG, da estudante de Letras, Tálita Serafin Azevedo, que teve perda total da visão aos 3 anos. O evento, organizado pelo Núcleo de Acessibilidade da UFG e Grupo de Estudos Cartografias Existenciais, do Instituto de Estudos Socioambientais (Iesa), teve início nesta terça-feira (1/3) e vai até a próxima quinta-feira (3/3).

A Coordenadora do Núcleo de Acessibilidade da UFG, Vanessa Dalla Déa, destacou que antes de pensar na acessibilidade física, com rampas e elevadores, por exemplo, é preciso pensar na acessibilidade atitudinal, do comportamento das pessoas. Para ela, os relatos de experiência, que abriram o evento, são extremamente importantes. “É preciso se colocar no lugar do outro mas, mesmo assim, a gente nunca vai estar inteiramente na vivência do outro,” explicou.

Seminário Acessibilidade

Coordenadora do Núcleo de Acessibilidade destacou importância de se dar voz às vivências dos deficientes

Tálita Serafim, em relato emocionante, lembrou suas dificuldades na escola, onde ela sempre foi a única aluna com deficiência visual. “Tive que aprender a conviver com a deficiência e me adaptar”, afirmou. Segundo a estudante, na UFG, o Núcleo de Acessibilidade, tem ajudado a ela e a outros estudantes com deficiência. “Muitas vezes as dificuldades me desanimaram e eu pensei em desistir, mas as coisas estão mudando e acredito que vão mudar cada vez mais,” destacou. A estudante falou ainda sobre a importância de se pensar na inclusão de uma disciplina de Braile nos cursos de licenciatura, assim como acontece com a Libras.

Abertura

Representante do Grupo de Pesquisas e Estudos Corpo, Deficiência, População e Espacialidade: Cartografias Existenciais, o professor do Iesa, Eguimar Chaveiro, ressaltou que o evento tem como princípios a pedagogia da intervenção e do diálogo. O professor destacou a presença de professores e especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que devem participar de toda a programação do evento. “Gostaria que nesses três dias ficássemos mais próximos para desenvolver estudos, pesquisas, descobertas e intervenções,” desejou.

O Pró-reitor de Desenvolvimento Institucional e Recursos Humanos (Prodirh), Geci José Pereira, que também compôs a mesa de abertura, ressaltou o compromisso da Universidade em estruturar o Núcleo de Acessibilidade. “Nossa prioridade é oferecer as melhores condições possíveis para receber a todos na UFG e promover mais acessibilidade. Discussões como essa nos fazem ficar mais preocupados e com mais vontade de trabalhar”, pontuou. A Pró-reitora adjunta de Graduação, Gisele Gusmão também observou que discutir o assunto é importante para a inclusão na UFG. “É só conhecendo que temos condições de mudar”, ponderou.

O Reitor da UFG, Orlando Amaral, destacou o simbolismo dos membros da mesa diretiva se sentarem em cadeiras de rodas, para exercício de se colocar no lugar do outro. O Reitor destacou a presença da filha, Luiza, e falou da luta da família por conta de sua deficiência. “Ela me inspira para estar aqui na gestão enfrentando todas as dificuldades”. Orlando Amaral lembrou o destaque da UFG no cenário das universidades federais, se consolidando como uma das mais inclusivas do país.

O Reitor citou cursos ministrados pela UFG como o de Licenciatura Intercultural, Letras-libras, Direito para Beneficiários da Reforma Agrária e Pedagogia da Terra, que não estão no leque usual de cursos ofertados por outras instituições, mas que abrem oportunidade de formação, incluindo mais pessoas na educação superior. Além disso, destacou o pioneirismo da UFG ao aprovar as cotas na pós-graduação. “Ainda temos muito que fazer. Queremos que mais pessoas com deficiência estejam na universidade e que possamos sempre aprender uns com os outros”, concluiu.

Cartografias Acessibilidade

Em cadeiras de roda, componentes da mesa de abertura foram convidados a se colocar no lugar das pessoas com deficiência

Com a proposta de reunir sujeitos de diferentes ordens sociais, que discutem, vivenciam ou se interessam pelo destino das pessoas com deficiência no mundo, a programação do evento continua. Confira:

Programação acessibilidade

Fonte: Ascom UFG

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