Pesquisa explora os Quadrinhos como expressão artística
O artista e professor Edgar Franco/FAV tem atraído alunos de todo o país interessados em estudar as histórias em quadrinhos como forma de arte
Autor: Ana Clara Santos
No Brasil, o dia 30 de janeiro é lembrado como o Dia do Quadrinho Nacional. O professor e pesquisador professor do Programa de Pós-graduação em Arte e Cultura Visual da Faculdade de Artes Visuais (FAV), Edgar Franco, é o responsável por colocar a Universidade Federal de Goiás (UFG) como referência nacional no estudo dos quadrinhos como arte, recebendo alunos de mestrado e doutorado de todo o país interessados em se aprofundar na temática.
Uma das grandes lutas do pesquisador é para acabar com o preconceito de que quadrinhos são coisa de criança. O foco de seu trabalho e do de seus orientandos são os quadrinhos autorais, que exploram a linguagem das HQs como uma forma de expressão artística, diferentes dos comerciais, que têm como intenção atender demandas do mercado de entretenimento. O professor destaca ainda a existência de um gênero de quadrinhos genuinamente brasileiro, chamado de “poético-filosófico”, tema de pesquisas suas e de alguns de seus orientandos. “Eu defendo os quadrinhos como uma genuína e poderosa forma narrativa de expressão artística”, explica.
HQtrônicas e HQforismos
Em 1996 o professor iniciou suas investigações sobre quadrinhos na internet. Desenvolve desde então uma pesquisa pioneira no mundo sobre essa intermídia que resultou no lançamento do livro HQtrônicas: do suporte papel à rede Internet, com duas edições publicadas. O livro tornou-se referência nacional e já foi citado em mais de cem pesquisas em todo o país, entre artigos científicos e trabalhos de conclusão de curso, mestrado e doutorado.
O termo HQtrônicas, que já está sendo considerado em livros didáticos, foi criado pelo professor para nomear os quadrinhos que incluem novos elementos como sons, trechos animados e narrativa multilinear. Outro termo novo que também já começou a ser utilizado por artistas e outros pesquisadores é o neologismo HQforismo, fruto das pesquisas de Edgar Franco em parceria com a professora Danielle Barros (Fiocruz/RJ) e usado para denominar uma nova forma narrativa que une elementos dos quadrinhos às sentenças aforísticas.
Edgar Franco defende os quadrinhos como genuína forma narrativa de expressão artística
Trabalho do professor foi único representante goiano no HQmix
O álbum em quadrinhos BioCyberDrama Saga, com roteiro de Edgar Franco e arte de Mozart Couto, publicado pela Editora UFG em 2013, foi o único representante goiano indicado ao Troféu HQmix 2014, considerado “o Oscar dos quadrinhos brasileiros”. Além do reconhecimento dado pela indicação, Edgar Franco considera uma grande conquista ter conseguido que a Editora UFG publicasse esse trabalho dentro da coleção Artexpressão, dedicada exclusivamente a livros de arte.
Segundo ele, nunca antes uma editora de universidade federal tinha publicado uma história em quadrinhos nesses moldes. “Foi uma grande vitória conseguir que a universidade reconhecesse a importância da produção não só do conhecimento teórico sobre quadrinhos, mas também da produção artística”, destaca o professor.
A história de BioCyberDrama Saga se passa na Aurora Pós-humana, universo ficcional transmídia criado por Edgar Franco, inclui cerca de cem personagens e discute as interações do humano com as novas tecnologias e as possibilidades futuras da biotecnologia, robótica e nanotecnologia. O álbum traz ainda 50 páginas de introdução discorrendo sobre os 13 anos de pesquisa que resultaram na criação da obra.
Quelle: Ascom/UFG
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