Audiência Pública - Colemar Natal e Silva 17_11

Câmpus Colemar Natal e Silva discute segurança pública

On 18/11/15 07:51 .

Propostas serão avaliadas e devem ser apresentadas ao Conselho Universitário para a construção da Política de Segurança da UFG

Texto: Angélica Queiroz

Fotos: Carlos Siqueira

Foi realizada nesta quarta-feira (17/11) a quinta audiência pública para discutir a segurança na UFG. Após passar pelo Câmpus Aparecida de Goiânia e por todas as regionais, foi a vez do Câmpus Colemar Natal e Silva, da Regional Goiânia, sediar a atividade. Comunidade acadêmica e representantes da segurança pública na Capital estiveram presentes e apresentaram problemas e propostas que, junto com as das demais audiências, devem ser expostas ao Conselho Universitário (Consuni) e embasar a construção da Política de Segurança da UFG. A última audiência pública acontece nesta quinta-feira (19/11), às 14 horas no Câmpus Samambaia.

Para o reitor da UFG, Orlando Amaral, é preciso abrir o debate e conscientizar a população porque a universidade não é uma ilha e, assim como a sociedade, está exposta à violência. Segundo ele, os problemas de segurança encontrados na UFG são comuns também a outras instituições de ensino, em todo o país. “Essa discussão é delicada e extrapola o âmbito da Universidade, mas, por isso mesmo, é inevitável”, afirmou. Orlando Amaral lembrou que é preciso muito diálogo junto aos órgãos de segurança e a comunidade para que as pessoas entendam que a presença eventual da polícia na universidade pode ser necessária em alguns momentos. “Temos que achar um equilíbrio para termos um ambiente sempre aberto e acessível, mas ao mesmo tempo seguro”, explicou.

Diretor do Centro de Gestão do Espaço Físico da UFG (Cegef), Marco Antônio de Oliveira, que coordena a comissão criada pelo Consuni para tratar da segurança na Universidade, explicou que essas audiências são o primeiro trabalho do grupo para levantar subsídios para a elaboração da Política de Segurança da UFG. “O debate não se esgota nesse momento. Pelo contrário, este é o início do diálogo”, ressaltou.

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Diálogo com a comunidade é importante para que universidade continue sendo ambiente aberto mas, ao mesmo tempo, seguro

Pesquisa

Após a abertura, professores da Faculdade de Ciências Sociais (FCS) apresentaram os resultados da pesquisa Violências, conflitos e crimes: subsídios para a formulação da política de segurança da UFG, realizada pela equipe do Núcleo de Estudos sobre Criminalidade e Violência (Necrivi/FCS), que foi o ponto de partida para as discussões com a plateia.

Em sua apresentação, o professor Ricardo Barbosa, destacou as diferenças básicas encontradas pela pesquisa nos dois Câmpus da Regional Goiânia. Segundo ele, no imaginário das pessoas, os espaços, muitas vezes, se misturam. “O local mais perigoso apontado pelas pessoas no Câmpus 1 é o bosque, que fica no Câmpus 2”, exemplificou. Segundo ele, existe ainda outra distinção entre os dois espaços no que diz respeito às proximidades da UFG. O professor explicou que um ato violento que aconteça, por exemplo, na Praça Universitária, não é considerado pelos entrevistados como tendo acontecido na UFG. Já no Câmpus Samambaia, se algo acontece, por exemplo, no ponto de ônibus, fora do Câmpus, é assimilado pelas pessoas como tendo acontecido na UFG.

Pesquisadora do Necrivi, Michele Santos, falou sobre os dados da pesquisa, explicitando detalhes que devem ser levados em consideração ao interpretar as informações coletadas. Segundo ela, na Praça Universitária, por exemplo, há grande circulação de pessoas, não necessariamente vinculadas à UFG, o que dificulta a coleta de dados. Michele lembrou ainda que, de 2011 pra cá, houve uma melhoria na organização dos dados, o que pode ter gerado um aumento no número de casos de violência que, não necessariamente é real, já que, nos anos anteriores, muitos casos podem simplesmente não ter sido registrados.

Também pesquisadora do Necrivi, Christiane de Holanda, apresentou um panorama nacional sobre a violência nas universidades, destacando a ausência de políticas de prevenção à violência, na maioria delas. “A segurança é quase sempre tratada como patrimonial e disciplinar”, explicou. Ela ressaltou ainda que, por serem autônomas, cada universidade se organiza de maneira própria, dificultando a comparação.

Participação da comunidade

Contratação de vigilantes concursados, rotatividade entre os vigilantes terceirizados, desconforto com relação à presença da polícia na universidade, segurança nas casas do estudante e no Hospital das Clínicas, instalação de câmeras de segurança e parcerias entre os órgãos de segurança, estiveram entre os principais pontos levantados por estudantes, professores, servidores, terceirizados e representantes da Guarda Municipal, Polícia Militar e Secretaria de Segurança Pública, que tiveram fala durante audiência.

O Pró-reitor de Graduação da UFG, Luiz Mello, foi um dos que participaram da atividade e afirmou estar feliz por esse tema, finalmente, ter deixado de ser tabu na Universidade. Para ele, a pesquisa do Necrivi é exemplar e ajuda a UFG a compreender o cenário em que vive. O Pró-reitor, que também é professor da FCS, destacou a desigualdade como uma das causas da violência. “Precisamos garantir segurança para todo mundo em uma sociedade desigual e uma universidade também desigual. Isso não é simples. Essa desigualdade brutal precisa ser compreendida e combatida”, afirmou. Luiz Mello apresentou ainda algumas propostas, como a de aproximar a Universidade e o sistema penal, dando espaço aos reeducandos, por exemplo, fazendo com que a universidade deixe de ser uma realidade distante para essas pessoas. “Um mundo menos desigual vai ser um mundo menos violento”, concluiu.

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Sugestões de comunidade devem embasar próximas etapas do trabalho da comissão 

Quelle: Ascom UFG

Kategorien: Segurança na UFG Necrivi Última hora