Conferência sobre conflitos e ações emancipatórias encerra simpósio
Evento internacional reuniu centenas na UFG durante cinco dias para discutir temas relativos à Geografia Agrária
Texto: Angélica Queiroz
Fotos: Adriana Silva
Questão Agrária, conflitos e ações emancipatórias foi o tema da conferência de encerramento do VII Simpósio Internacional, VIII Simpósio Nacional de Geografia Agrária e Jornada das Águas e Comunidades Tradicionais, realizado entre os dias 30 de outubro e 3 de novembro na UFG. A conferência, realizada na tarde desta terça-feira (3/10) no Teatro Madre Esperança Garrido, trouxe como convidados os especialistas em Geografia Agrária, João Manuel Mosca, da Universidade Politécnica de Moçambique, e Ariovaldo Umbelino Oliveira, da Universidade de São Paulo (USP).
Centenas de estudantes, pesquisadores, professores e interessados em Geografia Agrária participaram das atividades do evento
Ariovaldo Oliveira falou sobre a importância do evento, que teve como tema A questão agrária na contemporaneidade: dimensão dos conflitos pela apropriação da terra, da água e do subsolo, e das diversas oficinas, rodas de conversa, lançamento de livros, mesas redondas e conferências, que fizeram parte da programação. “Saio daqui acreditando que podemos estar vivendo a entrada no período de transição das lutas no campo para uma nova realidade”, afirmou.
Para o professor que, em sua apresentação, fez algumas projeções para o futuro, o campesinato não deve desaparecer. “Há mais de 150 anos intelectuais já preveem o desaparecimento da classe camponesa. Eu penso que o campesinato é uma classe social que faz parte do capitalismo e que deve continuar”, opinou. O especialista lembrou que o desenvolvimento capitalista é contraditório, desigual e combinado, gerando diferentes conflitos, com destaque para os conflitos de terra, dos quais ele falou mais especificamente, ressaltando a necessidade de compreender os sujeitos sociais em luta.
João Manuel Mosca, por sua vez, falou sobre a reconfiguração agrária e de território em Moçambique, onde trabalha, lembrando que a discussão lá é mais recente que no Brasil e que, portanto, os estudiosos de lá tem muito a aprender conosco. Mosca detalhou a situação do país africano, onde a agricultura representa cerca de 24% do PIB e 99% das produções vem do setor familiar.
O professor explicou o Programa de Cooperação Tripartida para o Desenvolvimento Agrícola da Savana Tropical em Moçambique (ProSavana) e detalhou os conflitos de terra no país. “Os estados e o mercado não são ‘amigos’ dos camponeses”, afirmou. Para Mosca ainda não há uma previsão sobre a possível extinção do campo. “A verdade é a que não temos um discurso para os nossos filhos, nossos estudantes, que vão viver essa era”, concluiu.
Apresentação de "Nova Prostituição do Brasil", de Nelson Rodrigues, abriu a conferência de encerramento
资源: Ascom UFG
