Campanha do Outubro Rosa é encerrada com desfile

Texto e fotos: Serena Veloso

Há dez meses Claudinéia Nunes de Oliveira, 33 anos, descobriu algo que iria mudar sua vida: ela foi diagnosticada com câncer de mama. A sorte foi ter identificado a doença logo no início. “No começo eu pensei que o mundo ia acabar, mas não, câncer tem cura!”, declarou, confiante no tratamento. Para provar a si mesma e a todas as outras mulheres que é possível vencer a doença, ela e cerca de 30 pacientes do Programa de Mastologia do Hospital das Clínicas (HC) e de outros serviços de saúde de Goiânia participaram de um desfile, neste sábado (31/10), no shopping Estação Goiânia, promovido pela Associação de Portadores de Câncer de Mama (Apcam). A entidade é vinculada ao Programa de Mastologia e presta assistência biopsicossocial a mulheres em tratamento.

O evento encerrou as ações da campanha Outubro Rosa, realizada durante o mês pela associação com o tema Vista rosa e abrace esta causa, e trouxe atividades diversas na programação. Além do desfile, as que pessoas passaram pelo local puderam conferir algumas ações de promoção à saúde, como testes de glicemia e aferição de pressão, palestra sobre o câncer de mama e ainda orientações sobre prevenção à doença pelos acadêmicos da Liga da Mama, que tiveram a oportunidade de colocar seus conhecimentos em prática. 

Amanda Tolintino, estudante do curso de Publicidade e Propaganda da UFG, aprendeu na mesa da Liga da Mama a fazer o autoexame das mamas

Fatores e diagnóstico

A residente em Ginecologia do Hospital das Clínicas, Kássia Rita Lourenceti de Menezes, ministrou a palestra com o tema O Câncer de Mama em Goiânia e as Políticas Públicas de Saúde em Câncer de Mama. Durante a atividade, ela falou sobre os fatores de risco, principais sintomas e sinais, formas de identificação da doença e como se dá o tratamento. De acordo com a residente, o câncer de mama é o câncer maligno mais comum entre as mulheres: há uma estimativa de mais de um milhão de novos casos anualmente em todo o mundo e 1,5 mil só em Goiás. Kássia Rita Lourenceti de Menezes explicou que a doença está associada a fatores como menarca precoce – antes dos 12 anos de idade –, menopausa tardia - após os 50 anos -, obesidade, alcoolismo e uso de hormônios para menopausa por mais de cinco anos sem acompanhamento médico.

Entretanto, os riscos mais altos de ocorrência estão relacionados à herança genética. “Os fatores de risco que são mais significativos para o câncer de mama são as histórias pessoais e familiares da própria paciente. No entanto, o que nós notamos é que muitas pacientes desconhecem esses fatores, por falha da equipe de saúde das Unidades Básicas, além de haver um subdiagnóstico causado pela dificuldade de acesso aos exames”, declarou. A residente adiantou que é possível identificar qualquer alteração na mama como lesões, caroços, secreção, inversão do mamilo, pele enrugada, inchaço que não desaparece ou vermelhidão, fazendo o autoexame mensalmente. Ao sentir esses sintomas, a mulher deve procurar o médico para que ele faça o diagnóstico. “A cura do câncer é alcançada em 85% dos casos quando identificado inicialmente”, confirmou. E alertou que mulheres com mais de 40 anos devem realizar mamografia anualmente.

Plateia aprendeu principais fatores de risco do câncer de mama durante palestra

Loja Rosa

Uma loja montada pela APCAM no shopping desde o dia 17 de de outubro, a Loja Rosa, com artigos doados por pessoas físicas e lojas, também estava funcionando durante o evento com o objetivo de arrecadar fundos para auxiliar as pacientes com câncer de mama. A entidade existe desde 1996 e sobrevive de doações. Com essas, explicou a vice-presidente da APCAM e psicóloga do Programa de Mastologia, Márcia de Faria Veloso, é possível realizar atividades educativas, informativas e lúdicas, oficinas de artesanatos e produtos, mas também comprar para as pacientes carentes medicamentos, roupas pós-operatórias para reconstrução mamária, cestas básicas, refeições, além de providenciar transporte para consultas médicas e a realização da marcação por meio da mamografia da biopsia estereotáxica.

Desfile

Pacientes de câncer de mama desfilaram durante o evento com roupas cedidas pelos lojistas e lenços doados pela representante da Campanha Mil e Um Lenços, Janayne Amaral. Segundo ela, a ideia da campanha é criar em Goiás um banco de lenços permanente para mulheres em tratamento de câncer que necessitem. Um grupo de jurados, composto por autoridades públicas e especialista na área da moda, foi convidado na ocasião para eleger a Miss Apcam. Claudinéia Nunes de Oliveira ficou em primeiro lugar no concurso, que tinha como proposta elevar a autoestima das pacientes, além de conscientizar a população sobre a prevenção e tratamento do câncer de mama.

Desfile com pacientes em tratamento do câncer de mama foi ápice do evento

Primeiras colocadas do desfile foram homenageadas pela equipe organizadora do evento