Mesa 2 - Enudsg

Comunidade T e LGB periférica são tema de segunda mesa do Enudsg

On 31/10/15 12:13 .

Racismo, violência e invisibilidade foram os principais temas do debate

Texto: Angélica Queiroz

Racismo, violência, invisibilidade na luta e extermínio da comunidade T e LGB periférica foi o tema de debate na manhã deste sábado (31/10), durante o XIII Encontro Nacional em Universidades sobre Diversidade Sexual e de Gênero (Enudsg). Pietro Franco, Ariel Silva, Mariana Lopes e Pollyana Marques foram os convidados para compor a segunda mesa do evento e engrandeceram a discussão com exemplos de suas próprias experiências.

Mesa 2 - Enudsg

Representantes do movimento negro falaram sobre falta de espaço, mesmo dentro do movimento LGBT

Pietro Franco, que é militante, iniciou sua fala citando o machismo e o racismo sofridos e reproduzidos pela população trans e negra. Segundo ele, o medo é muito presente no dia-a-dia dessas pessoas que ele acredita serem esquecidas e invisibilizadas pela sociedade e pela própria militância. “A gente fala e ninguém ouve. Branco não gosta de dar voz a preto. Se esse preto for LGBT ainda, pior”, afirmou.

Ariel Silva, que é estudante de psicologia, contou que está perto de endossar as taxas de evasão acadêmica. “O povo não está pensando em preto ficando”, explicou. Segunda ela, tem sido construída uma identidade subalterna para a população negra, que é marginalizada. Para Ariel, o corpo negro incomoda. “A gente se pergunta porque a galera não nos ama, mas a gente sabe a resposta: porque a gente mostra o nosso corpo e ele não é o esperado. Até que a gente consiga entender isso, pensa que a culpa é nossa. Mas a culpa não é nossa. A culpa é de quem não sabe amar corpos que estão fora do sistema”, declarou, arrancando palmas da plateia.

Mariana Lopes, que se apresentou como mulher preta e sapatão, destacou o recorte de classe que existe dentro do movimento LGBT. Segundo ela, as principais pautas do movimento são pensadas para um público específico e não englobam as demandas da parcela da população LGBT negra, que acaba sendo excluída. “Nossa luta é por visibilidade, é contra a violência policial, contra a criminalização da pobreza, luta por existir e resistir”, afirmou. Segundo ela, essa população negra e pobre é a mais prejudicada, especialmente em tempos de crise, e por isso precisa denunciar e ocupar seus espaços. “Não há uma instituição que ampare pessoas LGBT pretas e pobres hoje. Então somos nós por nós!”

Sapatão, preta, goiana, estudante de Letras na UFG e profissional da Coordenação de Promoção de Equidade em Saúde da Secretaria de Saúde do Estado, Pollyana Marques, lembrou que o extermínio dessa população periférica acontece de várias formas e que a visibilização dessa realidade incomoda. “Mas a gente vai continuar incomodando. Porque eu não quero só sobreviver. Sobreviver é pouco. A gente quer viver. Plenamente. Em todos os espaços”, concluiu, abrindo a discussão para a participação da plateia.

Mesa 2 - Enudsg

Para Poliana Marques, uma das componentes da mesa, fios representam conexão, uma rede para a construção da luta

A programação do Enudsg segue até segunda-feira (2/11).

Quelle: Ascom UFG

Kategorien: Enudsg Diversidade Sexual e Gênero Última hora