
Representante da embaixada do México fala sobre mostra de filmes na UFG
Produções mexicanas estão sendo apresentados no Cine UFG até sexta-feira (21/8)
Texto: Angélica Queiroz e Serena Veloso
Foto: Adriana Silva
Teve inicio nesta segunda-feira (17/8), no Cine UFG, a mostra de filmes Temporalidades, memórias e devaneios no cinema mexicano, resultado de uma parceria entre a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec), o Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) da UFG, a Fundação de Amparo a Pesquisa de Goiás (Fapeg) e a Embaixada do México no Brasil. Presente na abertura do evento, o segundo secretário da Embaixada do México no Brasil, Rafael Barceló Durazo, conversou com o Portal UFG sobre essa ideia para promover a cultura mexicana e divulgar os filmes produzidos no país.
Como se deu o processo de elaboração da mostra?
A Embaixada providenciou com a Cinemateca Nacional do México alguns filmes para serem ofertados aqui no Brasil em diferentes instituições e cidades. As organizações viram os catálogos de filmes disponíveis e montaram as mostras. Há cidades que fizeram uma escolha por época – como a Época de Ouro do cinema mexicano ou o Cinema Contemporâneo -, outras fizeram uma mostra com filmes que tinham mais compromisso social, outras com filmes com componente político. Então a Embaixada disponibilizou diferentes filmes, de diferentes épocas e temáticas, com a ideia de tentar fazer um diálogo com as próprias instituições parceiras. Conseguimos achar essas instituições em diferentes lugares da geografia brasileira e tivemos um Ciclo de Cinema Mexicano diferente em cada uma das cidades.
No caso de Goiânia, como foi feita a escolha dos filmes e tema?
Os filmes escolhidos para a mostra em Goiânia são bem interessantes porque têm temas sociais bem profundos, que Brasil e México compartilham. Acredito que nossas preocupações individuais e culturais acabam por serem as mesmas ou bem parecidas. Acho que essa mostra tem uma diversidade de temas sociais e de abordagens nas formas de ver o problema social e individual, narrados de uma maneira muito interessante.
O público brasileiro ainda tem pouco contato com o cinema mexicano, tendo em vista a restrição desses filmes nas salas de exibição. Como a mostra colabora com a circulação e divulgação dos filmes mexicanos no Brasil?
Essas mostras são muito boas porque as pessoas começam a conhecer o cinema mexicano que já tem 100 anos de produções cinematográficas ininterruptas. No momento após a segunda Guerra Mundial, o México produzia mais filmes do que Hollywood, filmes que eram comercializados e vistos em toda a hispanoamérica e Espanha. Foi uma produção ótima de qualidade autoral, de música e interpretação, toda a equipe cinematográfica foi muito profissional. Depois teve uma crise estética, nos anos 1970 e 1980, mas mesmo nesses momentos continuamos produzindo. Nesse momento acho que temos um renascimento no cinema mexicano. No ano passado e no anterior, diretores mexicanos foram os ganhadores do Oscar, prêmio muito reconhecido internacionalmente. Filmes dos dois - Afonso Guarón e Alejandro González podem ser vistos nessa mostra. As pessoas quando veem um filme que gostaram numa mostra, buscam outros. Talvez não vão ao cinema, mas buscam na internet. São filmes muito bem feitos nesse momento em que a cena contemporânea cinematográfica mexicana é bem diversa, tem muitas opções, muito profissionalismo e um reconhecimento internacional que, talvez, o cinema mexicano tivesse perdido em outras épocas.
De que forma avalia essa parceria entre universidade e embaixada no apoio a atividades que possibilitem a aproximação dos brasileiros com a cultura mexicana?
As universidades são espaços privilegiados para a promoção da cultura. As embaixadas geralmente trabalham com governos, mas agora, a diplomacia pública, que é uma relação com a sociedade do país onde a embaixada está funcionando, é tão importante quanto a relação política com o governo. As universidades nesse processo estão cumprindo um papel formidável, porque elas estão percebendo a importância da cultura que está vindo de outro país e, assim, podem ser verdadeiramente universidades, porque universidade significa universal e não nacional. Uma universidade que só foca no nacional está perdendo um pouco de sua universalidade. Acredito que as universidades também têm ganhado muito nesse processo em que as embaixadas fazem esforço para trazer não só o cinema, mas exposições de pintura, música e literatura. São parcerias que trazem um ganho para universidade, para a embaixada e para as pessoas que podem assistir esses eventos que de outro jeito talvez não assistiriam.
Fonte: Ascom UFG
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