Dossiê Abrasco sobre impactos dos Agrotóxicos é lançado na UFG

Texto: Angélica Queiroz

Fotos: Carlos Siqueira

Dossiê tem 44 autores e está sendo lançado em várias universidades do país

O auditório do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais (Iesa), da UFG, foi palco na noite desta sexta-feira (12) do lançamento do Dossiê Abrasco: um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos para a saúde. O evento foi parte do encerramento do curso de especialização em Agroecologia e Desenvolvimento Rural e do Seminário de Residência Agrária, que neste sábado (13) conta ainda com apresentações das pesquisas desenvolvidas durante o curso.

Professor da UEG conduziu do debate

O professor Murilo Souza, da Universidade Estadual de Goiás (UEG) foi o mediador do debate entre os convidados: Wanderlei Pignati, da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), e Cleber Folgado, coordenador nacional da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida. O mediador apresentou o Dossiê em todas as suas etapas e falou de sua repercussão.  “Não haveria espaço melhor para esse lançamento a não ser nesse espaço onde a Agroecologia está sendo construída efetivamente”, comemorou.

Ainda no início do evento, Murilo Souza destacou a importância da inserção do Ministério Público na luta contra os agrotóxicos e convidou o coordenador do Fórum Nacional de Combate aos Agrotóxicos, Pedro Serafim, que estava na plateia, para uma fala. Serafim destacou que o Dossiê Abrasco é um importante instrumento para que os operadores do Direito se aproximem da academia. “Esse é o momento de engajar toda a sociedade na luta contra os agrotóxicos. Que Ministério Público, academia e movimentos sociais andem de mãos dadas”.

Também presente no evento, Fábio José da Silva, da Comissão Pastoral da Terra destacou que é preciso levar o debate sobre os agrotóxicos a toda a sociedade que, segundo ele, está cada vez mais envenenada e com menos opções de alimentos sem contaminação. “Precisamos alavancar o debate ofensivo e não apenas defensivo como a gente já vem fazendo”, pediu.

Estudantes, pesquisadores, professores e representantes de movimentos sociais prestigiaram o evento

“Não produzimos mais alimentos, produzimos mercadorias”

Convidado ao debate, um dos autores do Dossiê e um dos pesquisadores do país que mais populariza o conhecimento científico, Wanderlei Pignati, apresentou diversos dados sobre os transgênicos no Brasil, os resíduos deixados pelos agrotóxicos nos alimentos, no ar e na água e as consequências que esse consumo pode causar para a saúde, como doenças agudas e crônicas. Pignati destacou que Goiás é o quarto estado que mais consome agrotóxicos no país e criticou a legislação brasileira que foi adaptada aumentando o limite máximo permitido de resíduos de agrotóxicos. “A lei vai se adaptando conforme o agronegócio precisa. Não produzimos mais alimentos, produzimos mercadorias”, provocou.

Pignati falou sobre os perigos dos agrotóxicos e criticou a legislação

Cléber Folgado defendeu a Agroecologia como a saída para o problema. Segundo ele, a agricultura familiar produz 70% dos alimentos que chegam à mesa do brasileiro e tem capacidade para produzir alimentos em quantidade suficiente para atender às demandas da população sem o uso de agrotóxicos. “Isso não só é possível, como necessário. Quem usa agrotóxico é o agronegócio porque a lógica desse sistema é perversa”. Folgado ressaltou que os princípios agroecológicos já estão incorporados no Dossiê e que é preciso massificá-lo em toda a sociedade.

Confira o Dossiê online no link.