Exposição na Galeria da FAV reúne obras de jovens artistas de Brasília
As obras poderão ser vistas até o dia 15 de maio
Texto: Serena Veloso
Fotos: Carlos Siqueira
Uma tela, que deveria receber as mais diversas nuances e colorações, é exposta sem qualquer pintura e torna-se a própria arte. O papel, suporte para o desenho, também pode ser transformado em obra antes mesmo de ser rabiscado: ele ganha um novo formato contorcido e rasgado, pronto para ser exposto em uma galeria. A proposta da exposição Contingente, montada na Galeria da Faculdade de Artes Visuais (FAV), no Câmpus Samambaia, é a de ocupação do espaço a partir da transformação de materiais que comumente seriam utilizados como suporte para a criação artística, para tornarem-se a própria obra de arte.

Em comum, as obras possuem a recorrência do branco em referência ao espaço vazio da tela
A abertura da exposição ocorreu na manhã desta quinta-feira, 16/04, com a presença das artistas responsáveis pelo projeto. Samantha Canovas, Isadora Dalle e Ananda Giuliani se formaram recentemente no curso de Artes Visuais da Universidade de Brasília (UnB) e carregam em suas obras as experiências das pesquisas artísticas desenvolvidas durante o período de faculdade. A exposição é um desdobramento de outro projeto coletivo, a exposição Plano expandido, montada na Galeria Espaço Piloto, em Brasília, que já trazia intersecções dos trabalhos pessoais das artistas.
Outra lógica
A exposição das artistas traz seis obras que dialogam entre si por um aspecto em comum: a recorrência do branco em referência ao espaço vazio da tela. A intervenção nos materiais foi realizada sob outra lógica, não a de completá-los com cores para se tornar apenas suporte de uma pintura ou desenho, mas a de desmaterializá-los com rasgados, dobras ou desfiados, para que se tornem matéria novamente. “O que a gente se propôs a pensar é a superfície não como espaço de representação, mas como matéria que age e reage ao espaço”, explica Ananda Giuliani, responsável por uma das obras expostas.

Confins, obra de Ananda Giuliani, mistura lona crua, fio de aço e terra vermelha e remete às fendas criadas pelas placas tectônicas, que são transitórias, contingentes
Uma das peças, concebida em papel rasgado, faz referência ao movimento das ondas, inspiração poética retirada do livro Palomar, de Ítalo Calvino. Lonas desfiadas e trançadas fazem referência às tramas de Penélope, personagem da mitologia clássica, e compõe outra peça da exposição. O conjunto do trabalho chamou a atenção de estudantes curiosos como Matheus Meireles, estudante do 1º período do curso de Artes Visuais da UFG. “O que achei interessantes é que elas deram outro significado aos objetos. Isso desconstrói a ideia do que é arte”, comentou o estudante. A exposição permanecerá até o dia 15 de maio.

Visitantes que acompanharam a abertura da exposição puderam conversar com as artistas e a coordenadora do espaço
Segundo a coordenadora da Galeria da FAV, Ciça Fittipaldi, essa e outras exposições contempladas por edital pretendem manter um diálogo entre artistas locais e de outras cidades, com a abertura para a participação na curadoria de estudantes de graduação e de pós-graduação da UFG. “Queremos divulgar nosso espaço para que haja mais arte dentro do Câmpus”, destacou a coordenadora.

As artistas Samantha Canovas, Ananda Giuliani e Isadora Dalle foram selecionadas por meio de edital da Galeria da FAV
Fuente: Ascom UFG
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