Pesquisa constata desnutrição e sobrepeso nas comunidades quilombolas
Premiado trabalho da Faculdade de Nutrição da UFG atesta situação alarmante entre crianças e adolescentes nessas comunidades
Apesar de muitas crianças e adolescentes das comunidades quilombolas goianas estarem acima do peso, grande parte delas está desnutrida. De acordo com a nutricionista Mariana de Morais Cordeiro, que defendeu na UFG a dissertação Excesso de peso em estudantes quilombolas e a insegurança alimentar em seus domicílios, isso acontece porque nem sempre a alimentação oferecida às crianças é saudável. O trabalho da nutricionista foi reconhecido na 4ª edição do Prêmio Nacional Henri Nestlé em Nutrição em Saúde Pública.
“O alimento é oferecido para suprir a fome, sem a preocupação em nutrir. Isso é um problema,” explicou Mariana de Morais Cordeiro. A autora também ressaltou que essas comunidades enfrentam diversas dificuldades quando o assunto é a alimentação escolar. Entre elas, desinformação, problemas de logística e armazenamento de alimentos e número de nutricionistas insuficientes. “Muitos gestores nem sabiam que tinham alunos quilombolas e outros não recebiam a verba destinada especificamente a essas crianças porque as escolas não estavam cadastradas no Censo Escolar,” afirmou.
UFG e comunidades
Segundo Mariana de Morais Cordeiro, sua dissertação é um recorte de um trabalho maior que vem sendo realizado pela Faculdade de Nutrição (Fanut) desde 2010, por meio do Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Escolar (Cecane) da UFG/Centro-Oeste. O trabalho do Centro envolve entrevistas com os conselheiros e administradores da alimentação escolar, nutricionistas, educadores, estudantes, professores, diretores de escolas, manipuladores de alimentos e pais.
Com base nos dados colhidos ao longo dos anos, os pesquisadores do Cecane apresentaram às comunidades propostas de intervenção, respeitando os hábitos alimentares locais e a diversificação agrícola, com foco na alimentação saudável. “Sugerimos mudanças nos cardápios, incentivando a produção agrícola familiar,” detalhou a nutricionista.
Quilombolas
As comunidades quilombolas são grupos étnicos – predominantemente constituídas pela população negra rural ou urbana –, que se auto definem a partir das relações com a terra, o parentesco, o território, a ancestralidade, as tradições e práticas culturais próprias. Estima-se que em todo o país existam mais de três mil comunidades quilombolas.
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