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Mesa-redonda Drogas: caso de polícia ou de política

Mesa-redonda discute intervenções e políticas sobre as drogas no Conpeex

Em 06/11/14 12:15.

Atividade trouxe experiências de projetos desenvolvidos em Salvador e na UFG

Drogas: caso de polícia ou de política foi o assunto discutido na mesa-redonda realizada na manhã desta quarta-feira, 5 de novembro, no Centro de Cultura e Eventos Professor Ricardo Freua Bufáiçal, durante o 11º Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão (Conpeex). Coordenada pela professora da Faculdade de Enfermagem, Camila Caixeta, integrante do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisa sobre Drogas e outras Dependências (Neped), a atividade reuniu relatos nas áreas de saúde e jurídica e  trabalhos que estão sendo realizados na própria universidade acerca da temática.

A mesa-redonda teve a participação da representante da Secretaria Estadual de Saúde da Bahia, Patrícia Maia Von Flach, da professora da Faculdade de Direito da UFG da Regional Goiás, Érika Macedo Moreira, e do coordenador do Neped, Eriberto Belivacqua. Patrícia Maia avaliou os discursos construídos sobre moradores de rua que são usuários de drogas. Ela considera que o senso comum desumaniza os usuários, ignora as realidades vividas por eles e legitima violências contra os mesmos. Mas também relatou, de forma inversa, práticas que têm contribuído na mudança da realidade social desses sujeitos.

Mesa-redonda Drogas: caso de polícia ou de política

Representante da Secretaria Estadual de Saúde da Bahia relata experiência de atendimento a moradores de rua para redução de danos causados pelo uso das drogas

Com o objetivo de oferecer a possibilidade de diálogo e acolhimento, além de práticas de promoção da saúde, prevenção e redução de riscos e danos relacionados aos usuários de psicoativos em vulnerabilidade social, a Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH), a Comunidade Cidadania e Vida (COMVIDA) e o Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas (Cetad) inauguraram em Salvador, em julho de 2014, o projeto Ponto de Cidadania. A iniciativa surgiu da experiência de outro projeto da Secretaria Estadual de Saúde da Bahia e o Cetad, o Ponto de Encontro, que se desmembrou por questões políticas.

O projeto promove o acesso a cuidados básicos de saúde e outros serviços de caráter social, como hospedagem, alimentação, cuidados com a higiene e profissionalização, por meio de duas unidades instaladas em regiões da cidade onde se concentram grande número de usuários. Foram realizados 882 atendimentos até agosto deste ano. “Vimos a importância de irmos para as cenas de uso de drogas, porque percebemos que os usuários, principalmente de crack, estão cada vez mais vulneráveis às ações violentas da comunidade e da polícia, por conta da demonização feita em relação a eles”, destacou Patrícia Maia.

Apesar das políticas de saúde estabelecidas para esse público, a professora do curso de direito, Érica Macedo Moreira, acredita que no país ainda prevalece uma abordagem em relação às drogas voltada para a repressão e perseguição aos usuários. A professora avalia que a criminalização das drogas estaria ligada a uma estratégia de mercado, atendendo a interesses de classes mais elevadas, já que a própria forma como as políticas proibicionistas se constroem desfavorece classes sociais mais vulneráveis, como é o caso da lei que institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas. “O usuário não é mais criminoso, mas uma figura híbrida que fica sujeito a arbitrariedade policial”, comentou.

Ainda assim, Érica Macedo observou que as mobilizações ocorridas nos últimos tempos para a discussão da descriminalização, apesar das tentativas do próprio poder judiciário em reduzir a dimensão participativa dos cidadãos nas políticas a uma mera apologia às drogas, representa um marco importante no contexto atual. “Estamos num processo de avanço significativo do poder judiciário penal”, concluiu.

Mesa-redonda Drogas: caso de polícia ou de política

Política Institucional sobre Drogas e outras Dependências propõe estudos para orientar políticas e favorecer ações de intervenção sobre a problemática das drogas na UFG

Para o coordenador do Neped, professor Eriberto Belivacqua, a universidade desempenha um papel importante no debate sobre o assunto. Diante da atual realidade da universidade e de demandas da comunidade acadêmica, Ministério Público (MP), Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-GO) e Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), em 2009, foi formada uma comissão de estudos sobre drogas na UFG. A comissão foi responsável por pensar a Política Institucional sobre Drogas e outras Dependências da universidade. “A política tem por objetivo ampliar o diálogo e construir estratégias coletivas para a abordagem da questão das drogas na UFG”, ressaltou.

Além da elaboração da política, a comissão realizou diversas ações voltadas para a temática das drogas como a realização de seminário; participação no Curso de Prevenção do Uso de Drogas para Educadores de Escolas Públicas, com o objetivo de capacitar 10 mil educadores para realização de ações preventivas nas escolas; fortalecimento do Centro Regional de Referência para Formação Permanente sobre Drogas (CRR) da UFG, participação em Editais da Fundação de Apoio à Pesquisa no Estado de Goiás (Fapeg) e do Ministério da Saúde, com projetos envolvendo a temática e a criação do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisa sobre Drogas e outras Dependências (Neped).

O Neped desenvolve atividades de pesquisa, envolvendo docentes, técnico-administrativos e alunos da universidade, promoção à saúde, prevenção ao uso indevido de drogas, além de estimular a formação e capacitação em diferentes modalidades sobre drogas e outras dependências. “As drogas não são uma questão de polícia, mas de políticas que garantam a dignidade, cuidados, respeito, educação e informação”, pontuou Eriberto Belivacqua.

 

Fonte: Ascom UFG

Categorias: Última hora Conpeex 2014 Mesa-redonda DROGAS

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