Lembranças do Clube da Esquina são revividas em show na UFG

Texto: Michele Ferreira

Fotos: Carlos Siqueira e Roberta Rox

Lô Borges e Milton Nascimento subiram ao palco do Centro de Cultura e Eventos Professor Ricardo Freua Bufáiçal para encantar o público goiano. O último show de 2013 do projeto Música no Câmpus registrou  um recorde de público. Mais de seis mil pessoas fizeram questão de acompanhar a interpretação de um dos repertórios musicais mais importantes para a história da música brasileira por seus próprios criadores.  

O primeiro a recepcionar o público foi Márcio Borges que falou sobre os shows e o livro comemorativos dos 40 anos do Clube da Esquina. Em seguida, Lô Borges e banda iniciaram a apresentação intercalando clássicos do grupo de artistas mineiros, como Trem Azul e Paisagem da Janela, e sucessos recentes compostos em parceria com  Nando Reis e Samuel Rosa, como a música Dois rios.

A cada clássico do grupo, o público se emociona

va mais com os arranjos e as letras que lembravam uma época de grandes esperanças e de contestações políticas. A pegada rock veio com a música Um girassol da cor de seu cabelo, que serviu de deixa para entrada do tão aguardado Milton Nascimento, chamado por Lô Borges pelo seu apelido carinhoso Bituca.  

Milton Nascimento, aos 71 anos de idade e 50 anos de carreira, entrou no palco a passos lentos, mas o vigor e a energia foram a marca das interpretações durante duas horas de show. Ovacionada pelo público, a voz mais emblemática da música brasileira, com seu timbre inconfundível, pôde ser ou vida ao som do sucesso Clube da Esquina 2.  Antes de cantar Pelos bailes da vida, ele declarou que foram nas noites onde recebeu o ensino musical que o formou como um dos grandes artistas internacionais. "A maior escola que já tive foi a noite. Eu tocava desde os 14 anos à noite, acordava cedo e ia para o colégio. Temos de prestar atenção um pouquinho mais no pessoal da noite", defendeu.

Famílias inteiras chegaram para ver o show e o que mais podia ser sentido era a grande expectativa pela apresentação dos ídolos.

O repertório escolhido recuperou todos os grandes sucessos que marcou gerações, como Coração de estudante, Credo, Fé cega faca amolada, Maria Maria e Nada será como antes. Grandes sucessos criados a partir da parceria entre Milton Nascimento e Fernando Brant, Lô Márcio Borges, Wagner Tiso, Toninho Horta, Beto Guedes, Tavinho Moura, Ronaldo Bastos e Flávio Venturini, integrantes do inesquecível Clube da Esquina.

Na música Canção da América, Milton Nascimento pediu: "Agora gostaria que vocês cantassem para mim". Ele se pôs sentado no palco e, com o microfone na mão, regeu um coro de centenas de vozes. Ao final, ele agradeceu: "Muito obrigado. Bom demais!"

Lô Borges voltou ao palco para encerrar com o amigo mais uma noite de show. Cantaram juntos Para Lennon e MacCartney e deixaram o palco abraçados.

Para a pós-doutoranda Leila Maria Leal Parente, "O show foi maravilhoso. Eles cantaram músicas que me acompanharam por muitos anos. Hoje eu me emocionei, cantei e chorei muito ao relembrar muitos momentos da minha vida", contou. A religiosa Lucimar Custódio da Silva gostou das músicas mais engajadas como Coração de estudante e Maria Maria. "Gostei do show por ouvir as músicas recentes e por recordar a época de quando eles eram boêmios e quando compunham na época da ditadura, além de lembrar que a música Maria Maria representa um hino para todas as mulheres lutadoras. Enfim, foi 100%", definiu Lucimar Custódio. 

Lô Borges abriu o show com sucessos do Clube da Esquina 

 Mais de seis mil vozer cantaram Cânção da América para Milton Nascimento

 Marcio Borges coordenador do projeto que registou a história dos 40 anos do Clube da Esquisa em livro