Incubadora Social impulsiona criação de uma rede de cooperativas

Sur 18/11/13 15:58.

A rede reúne hoje cinco cooperativas de Goiânia, que têm como objetivo o fortalecimento dos empreendimentos de economia solidária de geração de emprego e renda

 

Em uma iniciativa inédita no Estado de Goiás, Goiânia agora conta com uma rede de cooperativas de materiais recicláveis. Com a intermediação da Incubadora Social da UFG, foi criada, no final de outubro, a Cooperativa Central das Cooperativas de Trabalho dos Catadores de Materiais Recicláveis “Unidos somos mais forte”, já intitulada de Rede Uniforte.

A cooperativa central surge tendo a Cooperativa de Reciclagem de Lixo (Cooprec) como proponente e a Incubadora Social da UFG como executora do projeto. Compõem a Uniforte, além da Cooprec, as seguintes cooperativas: a Coocamare, a Cooperama, a CooperMas e a (Acop).

Juntas, a Rede Uniforte reúne hoje cerca de 100 catadores, que passam agora a ter um único objetivo: se fortalecerem enquanto empreendimentos de economia solidária de geração de emprego e renda. Com princípios de colaboração mútua, vão buscar elevar a sua produção e o maior rendimento dos catadores de materiais recicláveis de Goiânia e Região Metropolitana, possibilitando, assim, a melhoria da qualidade de vida de seus participantes.

“Outubro pode ser considerado um mês histórico para o movimento dos catadores de materiais recicláveis. Até então, nunca tínhamos conseguido reunir e unir, de fato, as cooperativas desse ramo para um trabalho conjunto. Finalmente foi efetivada a parceria e junto, tenho certeza, os catadores terão mais força e mais perspectivas de promover a melhoria da qualidade de vida dos grupos participantes”, diz Fernando Bartholo, coordenador da Incubadora.

Ainda conforme Bartholo, a UniForte pretende contribuir para a construção de um novo hábito social sustentável, unindo geração de emprego e renda com respeito ao meio ambiente e aos seres humanos. “Além de melhorar as condições de vida de seus cooperados, estaremos promovendo uma melhor relação da sociedade com o ambiente que a cerca”, frisa.

A Rede Uniforte atuará por meio da venda coletiva de material reciclável, produção de telhas de papelão e a transformação de plásticos em grânulos para fabricação de mangueiras, agregando-os valor. Segundo Bartholo, para efetivação de seus objetivos, será necessária a melhor estruturação das cooperativas, com a aquisição de veículos e maquinário. “A assessoria técnica e também o aumento de cooperativas filiadas à Rede, com a inclusão de catadores de rua e de lixão, também serão importantes para a consolidação da Rede”, observa.

Formação – A proposta da Uniforte se organiza em torno dos eixos temáticos da Economia Solidária, que são conceitos e princípios, cidadania, organização social, desenvolvimento sustentável e solidário, e políticas públicas. Outro aspecto importante será o processo de formação contínua em autogestão e gestão administrativa, além da assessoria técnica.

O percurso formativo dos catadores de materiais recicláveis compreende a análise (por meio da prática), como princípio educativo, e também a qualificação, como processo de experimentação, possibilitando produzir novos saberes, fortalecer a cultura e identidade do grupo e melhorar a atividade produtiva.

Constituídas sob os princípios da economia solidária, as cooperativas da Rede terão seu trabalho desenvolvido na preparação dos cooperados para o desenvolvimento de cooperativas como organismos socioeconômicos.

Fernando Bartholo explica que o trabalho em rede de organizações cooperativistas inclui aspectos relacionais a serem construídos e gestados por seus membros. “Todas as atividades operacionais do empreendimento dependem do grau de confiança entre as pessoas do grupo, pois são elas que vão legitimar as ações dos participantes, associados e seus dirigentes”, completa.

Metodologia – Entre as atividades pedagógicas propostas pela Incubadora estão as discussões, a análise, a crítica e a busca de soluções de forma democrática para os problemas coletivos. “Vamos utilizar da metodologia, que tem como base a combinação, denominada de ‘Combinou, tá combinado’. Assim, queremos estabelecer um grau de comprometimento de todos”.

A “combinação” se refere à construção de normas de constituição e funcionamento do empreendimento, passando pela formação e capacitação dos grupos em todas as etapas do processo. Permite, assim, a elaboração de seu material pedagógico por meio de conclusões sobre a própria realidade, relativa ao trabalho e à renda, como também ao social, à política e à econômica e seus conflitos, na qual estão inseridos.  

História – Em 2011, um edital da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), do Ministério do Trabalho, abrangia a constituição, em Goiás, de uma Rede de Empreendimentos da Economia Solidária. Foram, então, realizados seis módulos para gestores de cooperativas e três módulos para cada cooperativa sobre o que é uma Rede e como constituí-la.

Na época, das quinze cooperativas existentes em Goiânia, dez aceitaram participar do projeto de construção de uma rede. Um ano e meio depois, somente cinco delas continuaram nesse propósito, alicerçadas na perspectiva de fortalecimento dos grupos, na melhoria das condições de trabalho, no aumento da produção e da renda, e na geração de emprego.

Para esse intento, as cooperativas Cooprec, Cooperama, Coocamare, Coopermas e Acop buscaram, no início deste ano, a Incubadora Social da UFG para formalização de uma rede. Depois de muitas reuniões, foi criada, finalmente, a Rede Uniforte. “Vamos estruturar a Rede, propiciando uma dinâmica de troca de experiências e comercialização conjunta dos materiais recicláveis, com vistas à construção participativa de um modelo socioambiental e econômico que dê sustentabilidade a seus integrantes”, frisa Bartholo.

Para tanto, a Uniforte buscará fortalecer a rede de comercialização coletiva, por meio da aquisição de equipamentos e veículos que propiciem a diversificação da renda e facilitem a logística entre os grupos desta região. “Dessa forma, estaremos potencializando a transformação do plástico em grânulos para a fabricação de mangueira e a reciclagem de papel para a produção de telha”, diz o coordenador.

Integrantes da Rede:

1. Cooperativa de Reciclagem de Lixo (Cooprec) fundada em 1998, sob a orientação do Núcleo Industrial de Reciclagem (NIR) do Instituto Dom Fernando da Universidade Católica de Goiás. Surgiu da necessidade da geração de oportunidades de trabalho e renda na região leste de Goiânia.  
2. Cooperativa dos Catadores de Materiais Recicláveis Mãos Dadas (Coocamare) foi criada em 28 de fevereiro de 2012 por um grupo de catadores situados no Setor Crimeia Oeste. A Coocamare é composta por 22 integrantes.
3. Cooperativa Meio Ambiente Saudável (Coopermas) foi criada em maio de 2008. Hoje possui 15 catadores no grupo.
4. Cooperativa dos Catadores de Material Reciclável “Reciclamos e Amamos o Meio Ambiente" (Cooperama), também criada em 2008, foi fundada por 20 moradores do Jardim Curitiba III e bairros vizinhos. Hoje, conta com 25 catadores.
5. Associação dos Catadores de Material Reciclável Ordem e Progresso (Acop) foi criada em 02 de outubro de 2005, por catadores moradores da Favela dos Trilhos, Setor Vila Nova, por ocasião do I Encontro Municipal dos Catadores de Materiais Recicláveis em Goiânia, para a consolidação do Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclável em Goiás. Conta com 14 integrantes.

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Source: Incubadora Social