UFG recebe professor Michael Apple
Texto: Júlia Mariano
Fotos: Cleide Santos e Sandra Limonta
A UFG recebeu, no dia 29 de agosto, o professor estadunidense Michael Apple, que participou do V Encontro de Didática e Prática de Ensino (V Edipe) e do VI Encontro Brasileiro de Educação e Marxismo (VI Ebem), proferindo a palestra “Educação, Escola, Consciência de Classe e Revolução”, com tradução do professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Luiz Armando Gandin.

Professor José Carlos Libâneo, professora Ângela Cristina Belém Mascarenhas, conferencista professor Michael Apple e intérprete professor Luiz Armando Gandin
A coordenadora do VI Ebem, professora da Faculdade de Educação da UFG, Ângela Cristina Belém Mascarenhas, demonstrou grande satisfação em receber Michael Apple, educador que tem contribuído para a educação com debates preciosos e discussões temáticas importantes sobre a relação entre currículo e ideologia, poder e educação, entre outras temáticas. Segundo ela, “mais do que um professor e pesquisador, Apple é um militante engajado no movimento docente”. A professora finalizou sua fala lembrando que o livro “Ideologia e currículo” de autoria do palestrante é uma das mais importantes obras de educação publicada no século XX.
O coordenador do V Edipe, professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), José Carlos Libâneo saudou os participantes dos dois eventos e o professor Michael Apple, ressaltando que este é um intelectual estrangeiro de alta influência na área de currículo e sociologia da educação. “Mesmo vivendo e atuando nos Estados Unidos, com realidades diferentes das do Brasil, suas reflexões ajudam a pensar nos nossos próprios problemas”, garantiu Libâneo. O professor afirmou que a pedagogia e a didática têm o papel de viabilizar o currículo ao se relacionar com os alunos e provocar mudanças qualitativas, ajudando a construir seres pensantes e críticos, com formação para transformar a sociedade. Ele finalizou sua fala dizendo que esperava que a palestra de Apple ajudasse a compreender o trabalho pedagógico em sala de aula.

Professor José Carlos Libâneo, professora Ângela Cristina Belém Mascarenhas, conferencista professor Michael Apple e intérprete professor Luiz Armando Gandin
Michael Apple, que vem ao Brasil desde 1985, pediu desculpas por não realizar sua fala em português e assumiu que, mesmo lutando contra o imperialismo, desta vez, com essa atitude, estava agindo de forma imperialista. Ele mencionou a satisfação de estar no Brasil e em Goiânia, pois, segundo ele, “as pessoas daqui são protagonistas de movimentos sociais recentes iniciados aqui”. Ainda, segundo ele, sua satisfação é grande de estar no Brasil, pois este foi o país que recebeu seus parentes russos exilados.
O professor conduziu sua fala, inicialmente, passando por princípios conceituais simples, mas que tendemos a esquecer na educação. Para ele, a educação é profundamente política e sua existência depende da política. Apple enfatizou as relações de dominação e subordinação e as lutas dos professores de modo a interromper questões de exploração. Segundo ele, a educação tem funcionado como espécie de selecionadora da sociedade, sendo que o que ela seleciona é o próprio currículo, como vasto ambiente de conhecimentos – alguns oficiais e outros que não entram no currículo, ficando à sua margem. Lembrou, ainda, que esse currículo oculto tem papel fundamental na formação de identidades das pessoas. Ele apontou que a educação é a política da voz e questionou as vozes que são ouvidas nas lutas.
Depois, passou a discutir como grupos de direita tem ocupado espaços sociais mesmo que a esquerda tenha lutado por esses terrenos. Michael Apple assumiu que como pesquisador, sindicalista e professor, não há nada que o deixe mais transtornado do que a prática de atribuir à escola e ao professor problemas sociais. Para ele, a direita tem sido brilhante e criativa, mas tem tido uma ação assassina na educação. “Acredito que precisamos entender a ação da direita para interromper sua ação”, afirmou Apple.
Ele mencionou que “tem chovido na educação” e usou a metáfora do guarda-chuva para mostrar as mudanças pelas quais a educação tem passado. Para ele, os grupos que tem criado guarda-chuvas para fugir da chuva são: os neoliberais dos anos 90, os neoconservadores, os populistas autoritários e o que chama de a nova classe média profissional. Apple ainda apontou a mídia como uma das responsáveis por divulgar histórias que culpam os professores.
Michael Apple finalizou sua fala com o que chamou de possibilidades verdadeiras de ação e formas de interromper a ação da direita.

Plateia assistindo a palestra do professor Michael Apple durante o V Edipe e o VI EBEM

Plateia assistindo a palestra do professor Michael Apple durante o V Edipe e o VI EBEM
Livros de Michael Apple traduzidos para o português:
Livro: Ideologia e Currículo
Editora: Artmed
Livro: Educação e poder
Editora: Artmed
Livro: Trabalho docente e texto
Editora: Artes Médicas Sul
Livro: Conhecimento oficial: a educação democrática numa era conservadora
Editora: Vozes
Livro: Política Cultural e Educação
Editora: Cortez
Livro: Educando a direita
Editora: Cortez
Livro: Educação crítica - Análise Internacional
Editora: Artmed
Livro: Sociologia da educação - Análise Internacional
Editora: Artmed
Source: Ascom/UFG
