
Pesquisadora canadense realiza palestra sobre a dor em recém-nascidos
A pesquisadora canadense Fay Warnock, professora da University of British Columbia School of Nursing, no Canadá, está em Goiânia desde o dia 25 de fevereiro para participar de diversas atividades de pesquisa na Faculdade de Enfermagem da UFG. No dia 27 de fevereiro ela realizou uma palestra aberta ao público interno e externo que tratou sobre a autorregulação dos bebês em contextos de dor.
A autorregulação é a capacidade do bebê de se confortar, organizando seu comportamento e parâmetros fisiológicos diante de um estímulo estressante, para retornar ao estado normal, chamado de homeostase. Ela que foi orientadora da professora da FEN, Thaíla Castral, durante seu doutorado, fez um panorama da pesquisa sobre a dor em recém-nascidos.
Até pouco tempo acreditava-se que o bebê não sentia dor: “Hoje parece óbvio pensar que os bebês sentem dor, mas até pouco tempo não era essa a lógica do pensamento”, explico Fay Warnock. Já se sabe inclusive que, devido a distância entre as terminações nervosas e o cérebro ser pequena, a dor pode ser ainda maior nos recém-nascidos.
A professora destacou as principais teorias relacionadas à dor em bebês e explicou sobre as diversas escalas de medição da dor que consideram elementos como expressão facial, contração de membros, nível de cortisol no sangue e na saliva, o choro e estado de sono e vigília. Ela explica que as escalas são importantes e precisam ser bem manuseadas pelo profissional de enfermagem, mas ressaltou a necessidade de mais pesquisas e novas formas de mensuração.
Ela destacou que a maior parte das pesquisas deixa a mãe invisível no processo e, segundo teorias como a Teoria do Apego, elas são decisivas na autorregulação dos bebês. A pesquisa do professora Thaíla Castral, foi uma das primeiras pesquisas que passou a considerar a influência da díade mãe-bebê no processo. Ela estudou o uso da posição canguru (contato pele a pele entre mãe e recém-nascido) na autorregulação do bebê durante um procedimento de dor, que era o teste do pezinho. Durante a pesquisa, percebeu-se que o contato com a mãe e seu estresse influenciam diretamente o estresse do bebê. Ou seja, se a mãe está calma e coloca o bebê na posição canguru, o bebê também permanece calmo. A posição é efetiva tanto para a mãe, quanto para o bebê. Segundo Fay Warnock, há poucos estudos que consideram essa perspectiva de envolvimento da mãe.
O estudo da dor, segundo Fay Warnock, é de extrema importância pois pouco se sabe sobre os efeitos que a exposição contínua a dor podem causar. Segundo ela, ainda há poucos estudos longitudinais que acompanharam bebês expostos a contínuos procedimentos dolorosos durante seu desenvolvimento, mas a partir do que já existe, aparentemente há sim a perspectiva de que essas crianças modificam sua forma de reagir à dor e podem ter traumas e problemas neurodesenvolvimentais.
Fay Warnock continua em Goiânia até o dia 8 de março participando de diversos grupos de trabalho junto aos professores e estudantes da Faculdade de Enfermagem. Ela também participa de um projeto que está sendo coordenado pela professora Thaila Castral que irá estudar os procedimentos dolorosos no atendimento neonatal no Hospital das Clínicas da UFG.
资源: Ascom/UFG
类别: Saúde