Goiânia será sede de evento internacional em 2013
Patrícia da Veiga
Fotos: Thamara Fagury
Uma iniciativa de colaboração, intitulada Rede Interamericana de Educação em Direitos Humanos (RIEDH), foi formada na Argentina, em meados da década de 2000, depois que as universidades desse país identificaram a necessidade de trocar experiências com outros pesquisadores. A RIEDH realizou um primeiro colóquio em 2006, convidando especialistas de diversas localidades, e desde então não parou mais. Alcançou Chile e Brasil em 2012 e, nesta quarta-feira (28/12), no Salão Nobre da Faculdade de Direito (FD), chegou à UFG.
Foi anunciada parceria entre o Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Direitos Humanos da UFG (NDH) e a Universidad Nacional de Quilmes. Um convênio firmado entre ambos representou a consequente adesão da UFG à RIEDH. Na ocasião, também foi lançado o V Colóquio Interamericano de Educação e Direitos Humanos, evento que será realizado em Goiânia, no próximo ano.
Tantas novidades foram anunciadas durante o Ciclo de Estudos e Debates sobre Democracia e Direitos Humanos, um projeto de extensão realizado há três anos pelo NDH. Nessa edição, a palestra, intitulada “A Educação em Direitos Humanos na América Latina”, fez um apanhado geral sobre marcos conceituais, históricos e institucionais que definem esse campo de estudos e atuação. O que ficou marcado entre os participantes foi, justamente, a necessidade de se estabelecer diálogos para fortalecer a cultura do respeito à humanidade.
Participaram desse encontro pesquisadores como Mónica Fernández, coordenadora da RIEDH e professora da Universidad Nacional de Quilmes, Solon Viola, coordenador do Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos (CNEDH) e professor da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), e Aida Monteiro, pioneira na área e docente da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A pesquisadora argentina, Mónica Fernández, conversou com a reportagem do Portal UFG sobre algumas perspectivas para 2013.
Portal UFG – Quais os objetivos da Rede Interamericana de Educação em Direitos Humanos (RIEDH)?
Mónica Fernández – O objetivo geral da RIEDH é promover a educação em direitos humanos e, assim, de alguma maneira, facilitar a cultura do respeito. Para poder alcançar esse objetivo, é preciso, primeiramente, encontrar os parceiros. A rede é um grupo de ação política. Portanto, para nos reunirmos, necessitamos de uma formalidade, como a de um convênio entre universidades, que é o que estabelecemos com a UFG. A partir disso, trabalhamos para lançar publicações conjuntas, fazer pesquisas em parceria, trocar experiências. É deste modo que aproximamos as realidades dos países da América Latina, que sabemos que possuem problemas semelhantes entre si, mas também suas particularidades. Por exemplo, na Argentina, em termos de poder, conseguimos nos defender de tudo o que foi e do que significou a ditadura militar. No Brasil, porém, isso não é possível porque a sociedade não tem o mesmo apoio político que teve a sociedade argentina para poder conquistar esse direito ao passado e à verdade.

Mónica Fernández representa um grupo de pesquisadores que busca dialogar para compreender por que é tão difícil garantir direitos a todos os cidadãos
Portal UFG – A sra. se refere à ação pública de revisitar arquivos do período militar e, como na Argentina, julgar os responsáveis pelos crimes contra a humanidade. Ambas iniciativas foram concretizadas após um longo período de luta popular. Além do direito à memória e à verdade, com quais outros temas a RIEDH trabalha?
Mónica Fernández – Na Universidad Nacional de Quilmes, especificamente, não trabalhamos com o tema do direito à memória. A Universidad Nacional de Buenos Aires é que se dedica mais a isso, investigando experiências da ditadura militar. Em Quilmes, enfocamos bem os problemas de construção da cidadania. Além disso, um grupo recém-criado está tratando questões de gênero. Há também pesquisas sobre direitos da infância e da adolescência, direitos ambientais e questões específicas de pedagogia, que envolvem investigações sobre a metodologia para se trabalhar a educação em direitos humanos. Isso não é o mesmo que se faz em outros espaços, por isso necessitamos de contato com outras universidades.
Portal UFG – Que países estão envolvidos na RIEDH?
Mónica Fernández – Inicialmente, Argentina, Chile e Brasil. Mas já estabelecemos contato com Uruguai, Paraguai, Venezuela, Porto Rico, Bolívia, México. Há grupos em todo o continente que se aproximam do tema e reivindicam para si, por exemplo, o direito a se reconhecer como povo latino-americano.
Portal UFG – A UFG assina um convênio com a Universidad Nacional de Quilmes e ao mesmo tempo se compromete a organizar o V Colóquio Interamericano de Educação em Direitos Humanos. Quais as expectativas para 2013?
Mónica Fernández – Primeiramente, vale destacar que o tema central do V Colóquio será: “Memória, Verdade e Justiça na Formação de Formadores”. Isso é fundamental para estimular debates sobre o resgate da história nas escolas. Como os professores devem trabalhar essa questão? Também queremos aproveitar para ter contato com toda a tradição da educação popular no Brasil. A proposta de trabalho de Paulo Freire é uma importante ferramenta para se promover a educação em direitos humanos. De modo geral, os colóquios são importantes para estabelecer diálogos entre os grupos. É o que esperamos.
Source: Ascom/UFG
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