
Incubadora Social da UFG participa de reunião com catadores de Aparecida de Goiânia
A catadora Jéssica Flávia Rodrigues de Andrade, 38, foi firme ao dizer, em reunião ocorrida no último dia 18, em Aparecida de Goiânia, com mais de 50 trabalhadores do ramo, que vai sair definitivamente do lixão, onde há cinco anos trabalha, e entrar para uma cooperativa que atua com materiais recicláveis. “Quero ir para uma cooperativa porque desejo muito melhorar a qualidade de vida de minha família. Não quero pensar só em mim, quero ajudar as pessoas que trabalham como catadores”, diz.
A decisão de Jéssica de mudar de vida e de trabalhar coletivamente traduz a vontade de mais de 50 outros catadores que estiveram reunidos em encontro organizado pelo Ministério Público, por meio da Coordenação de Apoio à Atuação Extrajudicial (Caej). A reunião, que teve o apoio da Incubadora Social da UFG, por meio do projeto Catadores Solidários (Cata Sol), objetivou discutir sobre o perfil das pessoas que irão compor a nova diretoria da Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Aparecida de Goiânia (Coocap), fundada em 2004 e hoje totalmente desestruturada e sem comando oficial.
Como metodologia, os organizadores do MP propuseram uma roda de conversa em que os catadores listaram as qualidades que devem possuir uma liderança. Os participantes falaram ainda dos defeitos inadmissíveis para uma pessoa que deseja dirigir uma organização. Concluída esta etapa, o representante da Incubadora Social, Vitor de Melo Amorim, falou da importância da revitalização e reestruturação da Coocap, com enfoque na autogestão.
“A principal tarefa de uma cooperativa é a autogestão. São vocês, cooperados, que vão gerir a cooperativa. É preciso do envolvimento de todos para uma organização funcionar bem, caminhar com suas próprias pernas, progredir”, frisou Vítor. Já a contadora da Incubadora, Letícia Maria Faleiro, abordou questões legais e financeiras de uma organização, dando enfoque na necessidade imprescindível da documentação.
“Uma organização deve ter uma identidade, assim como nós, pessoas físicas, temos a nossa. Qualquer organização só é reconhecida legalmente por meio do Certificado Nacional de Pessoa Jurídica, a CNPJ. Esse documento é prova legal de que a entidade existe e funciona”, explicou.
A reunião com catadores de Aparecida contou ainda com a participação do Ministério Público do Trabalho e das secretarias de Assistência Social, Educação, Indústria e Comércio, e do Meio Ambiente deste município.
Catadores Solidários – Este é o mais novo projeto da Incubadora Social da UFG, recém aprovado pela Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), do Ministério do Trabalho, voltado para catadores de materiais recicláveis de Goiânia e de municípios integrantes de um outro projeto, o Ser Natureza, do Ministério Público de Goiás.
O seu objetivo central é fomentar a implantação de programas de coleta seletiva a criação de empreendimentos de economia solidária e de incubadoras locais, além de redes de cooperação atuantes com resíduos sólidos.
A princípio, cerca de 800 catadores, de dez municípios goianos, estarão envolvidos no projeto, segundo levantamento feito pela Incubadora Social e o MP. As cidades integrantes hoje são Nerópolis, Senador Canedo, Hidrolândia, Guapó, Goianira, Aparecida de Goiânia, Goianápolis, Nova Veneza, Anápolis , além de Goiânia, onde se concentra a maior parte desses trabalhadores. Somente na capital, estão contabilizados 16 organizações de catadores,com mais de 350 pessoas.
Outras cidades que também apresentam um número significativo de catadores (não organizados) são Goianira, com 80 trabalhadores nesse segmento, Anápolis e Aparecida de Goiânia, ambos com 90 pessoas.
Fuente: Incubadora Social
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