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Qual será o futuro do Rio Meia Ponte?

在 19/10/12 00:28 上。
UFG convoca a sociedade para debater a questão, pensando no desafio de se manter viva a mais importante bacia do território goiano

Patrícia da Veiga

Fotos: Thamara Fagury e Wéber Félix


O Rio Meia Ponte nasce no município de Itauçu, no centro-sul de Goiás, segue por uma extensão de 500 km e deságua na Bacia do Rio Paranaíba, no município de Cachoeira Dourada. Com área de aproximadamente 13 mil km², o Meia Ponte ocupa 5% do território goiano e perpassa 38 municípios, abastecendo 48% da população do estado. Em seu trajeto estão as principais atividades econômicas de Goiás, além de todo o fluxo produtivo e populacional da região metropolitana de Goiânia, com seus 11 municípios e mais de 1,2 milhão de habitantes. Não é difícil presumir quão importante é a manutenção da vida nesse rio. No entanto, em boa parte de seu curso há redução da vazante, destruição da mata ciliar, acúmulo de lixo e poluição. Como mudar essa realidade?

Foi pensando nisso que a UFG realizou na segunda-feira (15/10), por meio da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (PRPPG), o seminário “Rio Meia Ponte: nosso futuro em suas águas”. A oportunidade foi criada para que a comunidade acadêmica apresentasse suas propostas de pesquisa e intervenção para o rio, bem como buscasse parcerias reais com o poder público e com a sociedade civil.

 

Comunidade acadêmica, sociedade civil e poder público reuniram-se para discutir o futuro do Rio Meia Ponte, na segunda-feira (15/10)

 

Para iniciar os trabalhos, foram convidados a realizar palestra o presidente do Comitê da Bacia do Rio Meia Ponte, Igor Montenegro, e o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Carlos Bernardo Mascarenhas. Montenegro apresentou um panorama geral sobre a escassez da água no planeta, mas destacou a poluição como sendo o problema a ser encarado urgentemente. “Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que 70% dos leitos dos hospitais estão ocupados por pessoas com doenças causadas por água contaminada”, argumentou.

Já o professor Carlos Mascarenhas fez um relato de sua experiência com o projeto Manuelzão, executado desde 2004 no Rio das Velhas, que corta a região metropolitana de Belo Horizonte. “Falando em saúde, esse projeto nasceu justamente na Escola de Medicina, pois os estudantes da disciplina Internato Rural passavam três meses no campo e retornavam com diversas histórias de pessoas cujas doenças se davam a partir do contato com o rio”, narrou.

O projeto Manuelzão tomou corpo na UFMG, foi encampado por diversas áreas do conhecimento (Biologia, Química, Comunicação) e logo em seguida tomou conta da sociedade civil, com o envolvimento também de comitês e subcomitês de bacias hidrográficas. Em 2004, a meta de transformar o Rio das Velhas em um espaço propício para “nadar, pescar e navegar”, foi abarcada pelo poder público. “Nosso objetivo foi tornar a principal bacia de Belo Horizonte propícia para o uso humano até 2010. Como não conseguimos plenamente, reformulamos essa meta para 2014”, ponderou Carlos Mascarenhas, considerando também que, para o projeto dar certo em Minas Gerais, foram necessários, acima de tudo, compromisso público e mobilização social.

 

Professor Carlos Mascarenhas, da UFMG, relata a experiência de tentar recuperar a vida no Rio das Velhas, em Belo Horizonte

 

Proposta – A UFG elaborou uma proposta para conhecer, despoluir, revitalizar e manter a vida no curso do Rio Meia Ponte. Trata-se do programa institucional Meia Ponte, oficialmente apresentado à sociedade no dia do seminário. Uma iniciativa da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (PRPPG), o programa é composto por uma equipe multidisciplinar distribuída em cinco subprojetos: hidrologia, ambiente físico, biodiversidade, socioeconomia e educação ambiental.

O objetivo do programa é fazer um diagnóstico sistêmico e profundo do curso do rio em um prazo de três anos. De posse de uma base de dados tanto ambientais quanto sociais sobre o Meia Ponte, os pesquisadores da UFG pretendem apresentar soluções para curto, médio e longo prazo, tais como o desenvolvimento de atividades socioeducativas com as comunidades ribeirinhas ou a formulação de diretrizes para um futuro plano diretor específico do Meia Ponte. Com orçamento inicial de R$ 4 milhões, o projeto foi elaborado em 2009 e ainda espera por financiamento.

 

Professores de diversas áreas, tais como Engenharia, Geografia, Biologia e Ciências Sociais, compõem o quadro multidisciplinar que elaborou o programa institucional Meia Ponte

 

Durante o seminário realizado no dia 15, o reitor da UFG, Edward Madureira Brasil, valorizou o esforço de todos os envolvidos no programa institucional e cobrou apoio, sobretudo, do poder público. “Agregamos nossos esforços em torno de um bom projeto, agora estamos em busca de parceiros. Nossa proposta já foi submetida à avaliação do Fundo Estadual do Meio Ambiente. Sabemos das limitações do Fundo, mas precisamos reunir forças”, declarou o reitor.

Participaram do seminário representantes de órgãos como a Agência Municipal de Meio Ambiente (AMA), a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado de Goiás (Semarh), a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de Goiás (Sectec), a Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, a Empresa de Saneamento do Estado de Goiás (Saneago), o Ministério Público Estadual e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg).

资源: Ascom/UFG

类别: Preocupação