Palestra discute aprendizado da língua inglesa como prazer e consumo

In 02/10/12 00:30 .
Evento foi pré-abertura do I Seminário Internacional de Estudos Interculturais

Anamaria Rodrigues

A Faculdade de Letras (FL) e o Núcleo de Estudos Canadenses (NEC) ofereceram na última segunda-feira (01), a palestra “Aprender inglês por prazer ou por consumo: uma compreensão alternativa da identidade do aprendiz” ministrada pela professora da University of Britsh Columbia, no Canadá, Ryuko Kubota. A palestra contou com tradução simultânea do inglês para o português, feita pela intérprete Karla Avanço, e teve como objetivo introduzir o I Seminário Internacional de Estudos Interculturais, a ser realizado na terça-feira (02/10).

Professora Ryuko Kubota

Ryuko Kubota realizou, em 2007, um estudo qualitativo no Japão, na cidade de Hasu, com adultos aprendizes de inglês em locais de aprendizagem considerados informais, algo muito comum no país. Ela descobriu em sua pesquisa que grande parte daqueles adultos não estudava inglês como forma de obter capital cultural, mas sim, como um passatempo. Essas pessoas frequentavam tais ambientes como forma de socialização e por apreciarem a experiência, transformando o inglês e as ideologias linguísticas em mercadoria, ou como ela mesma denomina, gerando uma comoditização. Constatou também que professores nativos de língua inglesa eram muito mais valorizados (possuíam salário superior) que os de origem japonesa.

A professora apresentou alguns dados acerca dos homens e mulheres que foram objetos de seu estudo, como suas intenções ao estudar inglês e os resultados dessa aprendizagem em suas vidas. Em um dos casos, por exemplo, uma jovem de 28 anos estudava inglês pelo prazer de poder lecionar para crianças, e, para isso, largou um emprego com salário muito superior. Já outra mulher, de 45 anos, estudava inglês com a intenção de se mudar para um país de língua inglesa e se casar com um homem “nativo branco”.

Ela também investigou as instituições informais de ensino da língua inglesa e descobriu que elas acabavam por não ensinar de forma correta, já que buscavam apenas lucro. Para isso, foram desenvolvidas estratégias para recrutar alunos, como aulas independentes, que o aluno não precisava seguir, e o pagamento em forma de entradas compradas, ou seja, o aluno comprava um tíquete para a próxima aula.


Por fim, ela concluiu que esses adultos estudavam inglês por lazer, de forma casual, sem a intenção de aprimorá-lo, ou seja, como mercadoria a ser consumida. A organizadora da palestra, Carla Janaína Figueiredo, disse que a cultura brasileira também incorporou esse contexto: “Nós também temos aqui esse apelo ao consumo. Olhamos a língua inglesa como um bem material, sempre relacionado ao falante nativo branco”. Já em relação ao salário do professor nativo ser muito superior ao do brasileiro, ela considera que houve mudanças. "O Brasil já passou por um momento como esse, mas hoje é diferente. O professor brasileiro de língua inglesa consegue ter um salário equiparado ao do nativo, o que é muito gratificante", afirmou.

Fonte: Ascom/UFG