Girau de Saberes reúne conhecimentos populares e eruditos

Fotos: Acervo Projeto Girau de Saberes

Texto: Jaqueline Telis

A produção de conhecimento ocorre em todas as esferas da sociedade; não é algo exclusivo de instituições de educação ou pesquisa. Recentemente, mais do que nunca, tem se valorizado os conhecimentos populares como o oriundo de pequenas comunidades. Partindo disso, desde 2009 o projeto de extensão “Girau de Saberes: uma ação artística em comunidades” une conhecimentos eruditos aos populares congregando pessoas de comunidades quilombolas do terrítório Kalunga com estudantes e professores da UFG com o fim de promover a troca de saberes num processo onde a comunidade quilombola assume protagonismo.

O projeto propõe atividades onde os mestres de cada comunidade expõem seus conhecimentos sobre determinada prática, compartilhando esses saberes com o restante do grupo. Além dos cursos e oficinas ministrados pelos mesmos, são realizadas rodas de prosa. As atividades têm como fim a organização de grupos de trabalhos com foco na valorização dos saberes populares. A busca é por “resgatar as práticas dos locais de trabalhos coletivos como espaços de encontros, trocas, convivência” e a memória e preservar a identidade cultural daqueles povos, conforme texto de divulgação do projeto.

Peças em tecelagem produzidas pelas artesãs Kalungas

Diversas unidades da UFG estão envolvidas no Girau de Saberes, entre elas a Faculdade de Artes Visuais (FAV), o Instituto de Ciências Biológicas (ICB) e os cursos de Agronomia e Farmácia, o que torna a iniciativa ultidisciplinar. Participam do projeto os professores Sérgio Soares (coordenador geral), Heleno Dias (ICB), José Realino (Farmácia) e João Monh (Agronomia) e a professora Maria Tereza Gomes como coordenadora. Além dos professores, estudantes bolsistas desses cursos e unidades também contribuem.

De acordo com a coordenadora do projeto, o Girau de Saberes também atrai estudantes que simpatizam com a cultura quilombola. Ainda assim, a professora garante que “o projeto não é voltado às questões étnicas, mas acima de tudo, culturais”. Além disso, segundo Maria Tereza “a interação entre as pessoas das comunidades e da universidade é muito positiva”. Os mestres de cada comunidade ficam responsáveis por ministrar oficinas onde repassam seus conhecimentos para os demais, em contrapartida, por meio de seus estudantes a UFG também passa conhecimentos, propiciando assim “uma troca de saberes eruditos e populares”, completa a professora.

O Girau de Saberes tem no território Kalunga sua área de atuação. Ele abrange os municípios de Monte Alegre, Teresina de Goiás e Cavalcante onde se encontram as comunidades Engenho II, Limoeiro, Vão de Almas, Vão do Moleque, Comunidade da Prata e Comunidade da Ema. As atividades realizadas juntamente com pessoas dessas comunidades e membros da universidade compreendem oficinas de artesanato com materias encontrados na região como capim dourado, fibras e sementes. A ideia é aproveitar a matéria-prima natural que o próprio ambiente fornece de maneira a incentivar a conservação, preservação e valorização dos bens culturais.

O projeto tem parceria com a Secretaria do Estado de Políticas para Mulheres e Promoção da Igualdade Racial (Semira), Prefeitura Municipal de Cavalcanti, com a Associação Quilombo Kalunga e com a ONG Girau Espaço de Criação e tem apoio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFG. Recebe ainda recursos do Ministério da Educação pelo edital de 2013 do Programa de Extensão Universitária (Proext), e da Caixa Econômica Federal por meio do programa de Apoio ao Artesanato Brasileiro.

Artesanato produzido nas oficinas do projeto