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Exposição 'Quem tem medo de olhar pra cima?' sugere um novo olhar sobre a arquitetura

En 23/04/12 06:15 .
Na mostra fotográfica, que fica exposta na galeria da FAV até dia 15 de maio, Silvio Zamboni apresenta 33 fotografias registradas ao redor do mundo

Em busca dos detalhes e de uma visão diferenciada sobre os patrimônios históricos e arquitetônicos, o fotógrafo e ex-professor da UNB Sílvio Zamboni viaja por diversos países recolhendo registros para seu trabalho fotográfico. O artista, com cerca de 10 anos de carreira como fotógrafo e várias décadas como pintor, abriu na última quinta-feira, 12/04, a exposição “Quem tem medo de olhar pra cima?”, na galeria da Faculdade de Artes Visuais (FAV). A mostra conta com 33 fotografias tiradas ao redor do mundo, numa perspectiva diferente da convencional, revelando os detalhes da parte de cima, do teto dos prédios e do céu visto pelos becos das cidades. Com curadoria de Sainy Veloso, a exposição permanece na galeria até 15 de maio. Confira abaixo entrevista com o artista:


Como foi o processo para a captação das imagens apresentadas na exposição?

Sílvio Zamboni -
Essa exposição faz parte de um grande processo de trabalho e pesquisa. Tenho um projeto relacionado a fotografar a cultura material e imaterial, princialmente a material, focada na arquitetura. Dentro desse grande projeto, que inclui imagens normalmente de patrimônios tombados da UNESCO, tenho várias linhas que saem dessa mesma fonte. Tenho uma linha, por exemplo, que intitulei como “Fotografia Neoconcreta”, com fotografias geométricas muito relacionadas com a pintura. Há outra dedicada a “Reflexos e Transparências” e tenho a “Quem tem medo de olhar pra cima?”, que é uma tentativa de ver a imagem de uma forma diferente. Minha pesquisa não é muito conceitual, faço a pesquisa pura com a imagem, com a tecnologia disponível no momento, encontrando ângulos e formas diferentes de ver o mundo.



O trabalho apresentado nesta exposição foi desenvolvido juntamente aos outros mencionados? Quai locais do mundo estão retratados?


Sílvio Zamboni -
Minha fonte é a mesma. Faço muitos registros da arquitetura e de patrimônios tombados pela UNESCO e as séries de fotos saem depois que vejo todo o meu produto e separo por categorias. Claro que já fotografo com as séries imaginadas, procurando por elementos que se encaixem nelas. Fico muito atento para encontrar detalhes arquitetônicos e texturas. O que me interessa são países com centros históricos, por exemplo. Nessa exposição serão encontradas fotografias tiradas em países como Itália, Portugal, Espanha, Turquia, Grécia, México, entre outros. Eu gosto disso, gosto do velho. O velho traz uma série de riquezas. Uma pintura desbotada, uma porta com madeira mofada, se deteriorando, são muito mais ricas do que algo recém pintado. O novo é uma coisa chapada, sem graça alguma. A medida que você vê uma parede embolorada, antiga, que já foi pintada várias vezes, percebe cores, nuances, matizes de uma riqueza imensa. Uma madeira podre é muito mais interessante que uma madeira nova.

Qual a inspiração para o título da exposição, “Quem tem medo de olhar pra cima?”?


Sílvio Zamboni -
A questão gira mais em torno de um título atrativo. É uma forma de provocar um pouco e mostrar que não é tão comum as pessoas procurarem alguma coisa olhando para cima. Na realidade, uma boa fotografia é definida por captar uma forma diferente de se ver o mundo. O mundo cotidiano é muito chato, muito sem graça. O que a fotografia e a arte, de um modo geral, fazem é exatamente encontrar alguma coisa diferente dentro desse universo. O artista tem como tarefa encontrar coisas que o cidadão comum não enxerga. Essa exposição é uma proposta, dentro da minha linha de pesquisa, de procurar o diferente, o não-trivial, o não-rotineiro, provocando as pessoas a enxergar alguma coisa além do cotidiano e além da rotina.

Fuente: Ascom/UFG

Categorías: Arte