I Seminário PET Saúde Mental UFG/SMS debate a Redução de Danos como estratégia de cuidado dos usuários de drogas

Começou na tarde de quarta-feira, 22/03, no Auditório da Câmara Municipal de Goiânia, o I Seminário PET Saúde Mental da UFG em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS). O tema do evento é “Redução de danos como estratégia de cuidado dos usuários de drogas: caminhos e perspectivas” e envolve parte das experiências adquiridas pelo Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde (PET Saúde Mental) por meio do Consultório de Rua e os Centros de Atenção Psicossocial CASA (CAPs ad) e Girasol (CAPs adi). Estiveram presentes autoridades da saúde, diretores de unidades acadêmicas da UFG, além de estudantes e demais profissionais envolvidos com o tema.

Antes da abertura oficial do seminário houve a apresentação de uma peça do Teatro do Oprimido. Logo em seguida, foi formada a mesa diretiva com a participação do vice-reitor da UFG, Eriberto Francisco Bevilaqua, a coordenadora de estágios, Marilda Shuvartz, o secretário municipal da Saúde, Elias Rassi Neto, e a coordenadora do PET Saúde Mental, Camila Caixeta, que também é professora da Faculdade de Enfermagem (FEN).

Elias Rassi Neto destacou a importância da parceria entre a universidade e a SMS no campo da formação profissional dos estudantes da saúde e acrescentou que a prática é o principal critério de intervenção. Reconheceu o trabalho do grupo do Consultório de Rua, pois eles têm feito essa intervenção de forma concreta. Para Eriberto Francisco Bevilaqua, há de se reconhecer o aprendizado por meio da diversidade e a importância da ética ao lidar com o outro e aceitar sua visão de mundo.

Logo após a mesa de abertura, ocorreu a conferência com a participação de Dartiu Xavier da Silveira,  professor da Universidade Federal de São Paulo. Ele falou sobre a dependência de substâncias psicoativas, como álcool e drogas, apresentando pesquisas sobre o consumo de drogas. Muitas delas apontam para a relação da dependência com transtornos mentais associados. Ele citou três fatores de predisposição que facilitam o diagnóstico de um dependente, como o padrão de consumo da droga, a caracterização da dependência e se há transtorno associado. O professor acrescentou que uma característica indicadora de dependência ou não é a capacidade de controlar o uso da droga.

Os dados apresentados por Dartiu Xavier revelam que muitas pessoas são levadas a usar drogas para aliviar o sofrimento causado por algum transtorno mental como depressão e ansiedade. Por fim, o professor sugeriu o método de Redução de Danos para ajudar dependentes que não conseguem deixar o vício mesmo com o tratamento que envolve a desintoxicação, a prevenção de recaída, além do tratamento dos transtornos associados. “Tirar a pessoa das drogas é fácil, o grande desafio é mantê-las longe delas”, afirmou o professor.

A Redução de Danos consiste em diminuir os sintomas relacionados ao consumo de uma pessoa que não deixou de usar drogas. Um exemplo citado pelo professor Dartiu Xavier foi a experiência de um grupo de pessoas dependentes de crack que substituíram a droga por cigarros de maconha. Inicialmente, os pacientes tiveram os sintomas de abstinência do crack diminuídos, mas, após um tempo, conseguiram se livrar da dependência do crack e, depois, largar as drogas espontaneamente.

Após a conferência houve um debate entre Elias Rassi Neto e Rondon de Castro, médico psiquiatra do Centro de Atenção Psicossocial CASA.