Projeto do Museu Antropológico fundamenta registro da Boneca Karajá como Patrimônio Cultural Brasileiro
Foi aprovado no dia 25 de janeiro de 2012, pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do IPHAN, em Brasília (DF), o registro das bonecas Karajá como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, nas categorias "ofício e modos de fazer e formas de expressão". A pesquisa que subsidiou o pedido foi realizada pelo Museu Antropológico da UFG, com a participação de professores da Faculdade de Ciências Sociais, dentro do projeto "Bonecas Karajá: arte memória e identidade indígena no Araguaia".
No ano de 2008, o projeto foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG) e recebeu apoio da Secretaria de Estado de Políticas Públicas para Mulheres e Promoção da Igualdade Racial (SEMIRA). Em 2009 e 2010, o projeto contou com a parceria e o financiamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) Superintendência de Goiás. O dossiê, produzido pela equipe de pesquisa, é composto por um relatório escrito, documentação fotográfica e dois documentários fílmicos (curta e média).
O projeto teve como objetivo descrever e documentar o ofício da ceramista Karajá e os modos de fazer as bonecas de cerâmica, para subsidiar o pedido de registro como patrimônio nacional. A pesquisa revelou que, mais do que artesanato, as ritxoko, ou bonecas de cerâmicas, carregam significados complexos que remetem aos referenciais culturais e identitários Karajá e são importantes instrumentos pedagógicos usados na educação das gerações mais jovens. Nas palavras da ceramista Mahuederu, elas “servem para contar a história dos Inў para crianças e jovens”; já Kuanajiki, com mais de 80 anos, assim se expressou: "sem as crianças não haveria ritxoko”.
Em formas de figuras individuais, conjuntos de personagens (como é o caso da família) ou cenas sociais com representações do nascimento até a morte, as bonecas se constituem em importantes formas de expressão do universo social e cosmológico do povo Karajá, remetendo tanto aos aspectos da sua estrutura social e às atividades cotidianas, como às cenas rituais e narrativas mitológicas. Assim, além de significativa fonte de renda, quando vendidas como artesanato, elas revelam temas variados do universo cultural do povo Inў e seus distintos significados materializados pelas mãos das mulheres, por meio da arte de modelar o barro.
O projeto foi desenvolvido em parceria com as comunidades indígenas Karajá da Ilha do Bananal (TO) e de Aruanã (GO). A equipe foi formada por Manuel Ferreira Lima Filho, Nei Clara de Lima (coordenação da primeira fase), Rosani Moreira Leitão e Telma Camargo da Silva (coordenação da segunda fase), pesquisadores da UFG, por Maíra Torres Correa, do IPHAN (GO), além das estagiárias Michelle Resende e Núbia Vieira. Registram-se ainda as consultorias das antropólogas Edna Taveira (UFG) e Patrícia de Mendonça Rodrigues, do professor Sinvaldo Wahuká Karajá, e a participação de Neto Borges e da equipe da Olho Filmes (DF). A Fundação de Apoio à Pesquisa da UFG (FUNAPE) foi a responsável pelo gerenciamento financeiro-administrativo do projeto.


Fotos: Mário Braz
Quelle: Museu Antropológico/UFG
Kategorien: Pesquisa
