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Movimento estudantil reflete sobre temáticas do Fórum Social Mundial

Sur 30/01/12 02:30.
Crise do capitalismo e juventude foi o tema do debate realizado pelo DCE, como forma de preparar estudantes que foram para o evento em Porto Alegre

Patrícia da Veiga

Foto: Mário Braz

 

O período letivo na UFG, em 2012, terá início somente no fim de fevereiro, mas já se veem estudantes na  universidade. São os integrantes do movimento estudantil que se preparam para acompanhar as atividades do Fórum Social Temático (FST), evento que ocorre esta semana (24 a 29), na Região Metropolitana de Porto Alegre (RS), como parte da agenda do Fórum Social Mundial. Na noite de quinta-feira, 19, no miniauditório da Faculdade de Educação, o grupo participou de um debate sobre o tema “Crise do capitalismo e juventude”. Foram convidados a fazer um esboço do tema o servidor técnico-administrativo da UFG, Gibran Jordão, e o professor do curso de Geografia da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Robson Morais.

Na ocasião, Gyannini Jácomo, integrante do Diretório Central dos Estudantes (DCE), justificou a iniciativa como uma forma de tornar a viagem mais reflexiva entre os estudantes. “Não basta dizer que 'outro mundo é possível', é preciso saber que mundo existe e que mundo se deseja”, discursou. O tema escolhido considerou o mote do FST em 2012: “crise capitalista, justiça social e ambiental”. Os convidados tiveram a tarefa de apontar os desafios da juventude em tempos de recessão e instabilidade social; também, puderam questionar como um evento destinado a discutir alternativas para a vida no planeta poder impulsionar transformações estruturais.

Robson Morais iniciou sua fala tratando da origem do Fórum Social Mundial e das motivações que o criaram, em 2001. “Foi um momento em que se afincava no mundo inteiro, a partir da liderança do Partido Conservador na Inglaterra, mais particularmente da então primeira ministra, Margareth Tatcher, o que se chama de Pensamento Único. Assim, o Fórum nasceu como uma resistência à impossibilidade de alternativas para além do mercado, do neoliberalismo e das políticas privatistas. No entanto, as organizações que criaram esse espaço de debate também faziam críticas à esquerda tradicional e às organizações que disputam poder, como os partidos. Sob forte influência do Movimento Zapatista Mexicano, o evento incorporou a ideia de que é possível 'mudar o mundo sem mudar o poder'”, explicou o professor.

Uma retomada dos governos de esquerda, sobretudo na América Latina, representou, neste início de século XXI, uma esperança contra o Pensamento Único, mas tampouco conseguiu resolver os problemas sociais. “Com o passar dos anos notou-se que esse 'outro mundo' do Fórum, que estimulou ações e discursos, também não atendeu às demandas da população. Prova disso é que o Brasil é a sexta economia do mundo e, no entanto, tem uma classificação bem baixa, quando os índices são de desenvolvimento humano”, argumentou Robson.

Assim como o capitalismo, o Fórum estaria em crise? Para Gibran Jordão, “a crise do Fórum é a mesma do reformismo”. O militante considera que as políticas de humanização do capitalismo sempre estiveram presentes nos debates do evento, ainda permeiam o discurso dos governos de esquerda na Europa e na América Latina, mas vêm sendo obrigadas a assumir sua falência. “Na Europa, a crise econômica está desmontando completamente seu Estado de Bem-Estar Social. Os trabalhadores na Grécia, atualmente, fazem greve não para aumentar seus salários, mas sim para não serem demitidos. Esse efeito de recessão ainda não foi sentido na América Latina, mas é questão de tempo”, alertou Gibran Jordão. Para ele, não é possível conciliar justiça social com esse modo de produção e o momento deve ser aproveitado para a promoção de novos questionamentos.

Complexo, o tema da crise estrutural do capitalismo foi analisado pelos debatedores não somente a partir da perspectiva econômica ou da militância do Fórum, mas também sob o aspecto ambiental, cultural e histórico. A plateia participou da conversa, considerando o que cada qual pode tomar para suas ações no cotidiano. “É importante que quem está na caravana fique atento, principalmente às atividades paralelas do Fórum, e nos traga fôlego para os futuros debates locais”, comentou Paulo Winícius Teixeira de Paula, ex-integrante do movimento estudantil e atualmente integrante do Programa de Pós-Graduação em História da UFG.

 

Ao fundo, Gibran Jordão e Robson Morais ouvem comentário de Paulo Vinícius sobre o debate da noite: "Crise do capitalismo e juventude"

 

Direcionamento – O FST oferece uma vasta programação de debates e reúne diversos (e até divergentes) grupos políticos, em atividades oficiais e extraoficiais. Para o DCE, além das discussões sobre capitalismo, crise e juventude, interessarão aos estudantes as atividades sobre educação e universidade popular. “Já estamos envolvidos com essa temática há algum tempo”, declarou Gyannini. Os acadêmicos da UFG também pretendem estreitar contato com a militância estudantil de outras universidades, tais como a Estadual de Londrina (UEL), a Federal Fluminense (UFF) e a Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Participam da caravana do FST cerca de 44 estudantes dos Câmpus de Goiânia, Goiás e Catalão, que cursam Ciências Sociais, Letras, Direito, Filosofia, Psicologia, História, Geografia, Serviço Social, Educação Física, Engenharia de Alimentos, Matemática e Artes Visuais. O ônibus partiu de Goiânia no domingo, 20.

Source: Ascom/UFG

Catégories: Ativismo