Professores discutem a relação mídia e linguagem
A Faculdade de Letras (FL/UFG) realizou, durante os dias 7,8 e 9 de dezembro, o I Encontro de Estudos da Linguagem, com o objetivo de criar um espaço de debate para incentivar a troca de experiências e conhecimentos entre diversas áreas que estudam a linguagem. A interação social foi um dos principais pontos do encontro: “A linguagem é o instrumento por meio do qual modelamos nosso pensamento, sentimentos e ações. É pensando nessa questão social e interativa da linguagem que, nesses três dias, temas como redes sociais, leitura, corpo e bem-estar, sustentabilidade e informação foram discutidos e problematizados com e por estudantes de vários cursos”, definiu Leosmar Aparecido da Silva, realizador do evento. O intuito é considerar que os temas e os cursos são unidos por um único eixo, a linguagem, entendidos como produção discursiva.
Na abertura do encontro, professores e estudantes de Jornalismo, Relações Públicas, Letras, Gestão da Informação e Filosofia discutiram “a sociedade, os sujeitos e os discursos”, acerca do tema central do evento “A sociedade como produção discursiva”. “Um momento como esse é importante para entendermos melhor a perspectiva do outro. Cada área do conhecimento fica muito voltada para si e nós esquecemos que a ciência é capaz de estabelecer relações para ampliar o nosso conhecimento”, comenta Ângela Teixeira, professora de Jornalismo, que abordou a construção do discurso jornalístico atual e desmistificou os estereótipos de “jornalismo objetivo, imparcial e manipulador”: “o mito de objetividade e imparcialidade ajudou na legitimação do jornalismo, mas isso não tem qualquer fundamento teórico se nós estudarmos mais a fundo a linguagem. Quando nós dizemos que o jornalismo produz uma certa realidade, nós desconsideramos que ele também é afetado por essa realidade e que sujeitos reais colaboram com a construção dos discursos”, defendeu Ângela Teixeira.
A mídia foi bastante abordada na mesa-redonda, para ilustrar como ela “sufoca a liberdade de expressão”. Sandra Mara Borges, professora da FL, exibiu o vídeo “Levante sua voz”, produzido por Intervozes Coletivo de Comunicação Social, que retrata o cenário de comunicação brasileiro, cujo controle encontra-se nas mãos de onze famílias, e as dificuldades que o povo enfrenta para poder se expressar. Fernanda Borges, professora de Direito da PUC-GO, discutiu como o corpo é representado pela mídia. Não são apenas os textos que geram efeitos, a mídia também interfere “na produção de identidade do sujeito através das imagens. Nas propagandas, percebe-se muito a imagem recorrente de que um corpo belo é um corpo magro”, comentou a professora, questionando quais valores estão imbuídos nas mensagens da mídia. Inspirado pelo tema em discussão, o professor Wilton Divino, um dos coordenadores do encontro, deixou uma mensagem aos alunos da Faculdade de Comunicação (Facomb/UFG) que estavam no auditório: “É preciso parar um pouco para pensar, que isso são coisas que vocês vão produzir um dia. Nessa discussão, vocês têm que compreender o peso do trabalho que fazem com a linguagem, porque você atua sobre e na mesma medida em que ela atua sobre você”.
Fonte: Ascom / UFG
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