noticia8204.jpg

Seminário traz cultura da comunidade quilombola para dentro da universidade

Em 02/12/11 06:31.
I Seminário Nacional de Estudos Quilombolas (I SNEQ), realizado entre 24 e 26 de novembro, começou em clima de festa

Cantoria e batucadas marcaram a abertura do I Seminário Nacional de Estudos Quilombolas (I SNEQ) na quinta-feira, 24, no Auditório I do Instituto de Ciências Biológicas da UFG. O intuito do evento era promover a socialização de conhecimentos produzidos acerca da Questão Quilombola entre acadêmicos e a comunidade quilombola. No auditório, encontrava-se estudantes, especialistas, professores e membros da comunidade Magalhães de Nova Roma.

O seminário é uma extensão de uma pesquisa solicitada pelo Ministério do Esporte, desenvolvida entre 2008 e 2010, que visava a identificar quais seriam as manifestações e práticas corporais das comunidades de Goiás, para servir de referência a políticas públicas de implantação em outras comunidades quilombola.“Mais que um objeto de estudo, nós temos uma responsabilidade social com todas as comunidades quilombola. A UFG deu passos importantes nesse reconhecimento através dessa pesquisa e ao que se refere à inclusão da cota de uma vaga para os quilombolas”, comentou o vice-reitor da UFG, Eriberto Bevilaqua Marin.

 

Para dar início ao seminário, o superintendente regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Goiás, Jorge Jatobá Correia, explicou o papel do instituto na Questão Quilombola; identificação dos remanescentes das comunidades dos quilombos, delimitação das terras e titulação. Ele também falou sobre os planos de firmar uma parceria com a UFG para auxiliar os estudos antropológicos de cinco comunidades quilombola, com aproximadamente 600 famílias, em 2012. “Para que essas famílias tenham acesso à terra e possam desenvolver uma dinâmica social e econômica que contribua para seu reconhecimento”, complementou.

 

A primeira mesa-redonda, “A questão quilombola na produção acadêmica” recebeu os professores Gabriel Alvarez e Martiniano José Silva, que debateram a importância das manifestações culturais. “A tradição cultural quilombola não se expressa em palavras, mas em gestos e movimentos, por isso é manifestação. Essas pessoas aprendem vendo, elas não sabem falar como fazer, mas sabem fazer”, pontuou Gabriel Alvarez. Outro assunto da mesa foi a definição de quilombola: “essa definição de guerreiro e resistência é da época do Império, hoje eles fazem parte da sociedade contemporânea”.

 

Para concluir o primeiro dia do seminário em clima de folia, a organização do evento preparou uma Mostra Cultural, na qual 50 membros das 5 comunidades - Magalhães (Nova Roma), Kalungas (Teresina de Goiás), Almeida (Silvânia), Jardim Cascata (Aparecida de Goiânia) e Cedro (Mineiros) -, mostraram tradições  quilombolas passadas de geração para geração. “Nós viemos para apresentar a folia. Primeiro nós vamos cantar, depois é brincadeira”, comenta Possotônio, um dos mais antigos kalunga da comunidade quilombola de Nova Roma, que aprendeu aos 13 anos as tradições culturais e depois disso não parou mais de girar (dançar). Outras manifestações tipicamente quilombolas, como a ratoeira, a dança da Sussa e a Curraleira, também foram apresentadas, e no final, todo o público foi convidado a fazer folia juntos.

 

Membros de comunidades quilombolas de Goiás apresentam suas tradições ao púbico por meio da folia

 

 

 

Fonte: ASCOM/UFG

Categorias: Evento