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Mais e melhores alternativas de combate à dengue

On 05/17/12 23:13 .
Seminário no IPTSP discutiu a importância de estudos sobre a doença envolvendo o vírus, o vetor e o paciente

Patrícia da Veiga

Fotos: Carlos Siqueira

 

O Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTS) recebeu, nesta quinta e sexta-feira, 27 e 28/10, pesquisadores de todo o país para dois eventos, cujo objetivo foi discutir os desafios e as oportunidades de se combater doenças infecciosas, parasitárias e endêmicas: o IX Seminário de Patologia Tropical e Saúde Pública e a II Semana de Biotecnologia. Em uma das mesas-redondas, foi abordado o tema da dengue e as possibilidades de combatê-la. Participaram os professores João Bosco Siqueira Júnior e Heloísa Helena Garcia da Silva, do IPTSP, e o médico Pedro Garbes, diretor de pesquisas clínicas para a América Latina do laboratório Sanofi Pasteur.

O professor João Bosco apresentou dados recentes sobre os avanços da doença no país. Segundo ele, em 2011, foram notificados 750 mil casos, com uma redução de 24% em seu total, de 40% entre os casos mais graves e de 25% no número de óbitos, em relação ao ano passado. “Essa queda, em sua totalidade, não é um bom sinal, pois saímos de uma estatística que registrou um milhão de casos em 2010. Por isso, é preciso acompanhar a evolução da doença”, explicou.

Para João Bosco, é preciso dar mais ênfase aos estudos sobre as epidemias, para que se possa prever em que condições e com que continuidade o vírus se modifica e se alastra, provocando a enfermidade nos seres humanos. Atualmente, há quatro tipos comuns de dengue proliferando principalmente na América Latina e na Ásia. Em 2011, o último desses, DENV4, foi constatado em estados brasileiros das regiões Norte, Nordeste e Sudeste.

 

João Bosco Siqueira Júnior, professor do IPTSP, proferiu palestra sobre tendências de dengue no Brasil

 

Pedro Garbes, da multinacional Sanofi Pasteur, por sua vez, destacou que mais de cem países do mundo sofrem com epidemias e esse é um motivo evidente para que se invista em pesquisas. Sua função na mesa-redonda foi apresentar um teste que está sendo realizado internacionalmente, inclusive em Goiânia, para obter uma vacina eficaz contra a dengue. Contudo, esse não seria um antídoto milagroso. “Em primeiro lugar, é preciso desmistificar a ideia de que a vacina erradicaria a doença. É mais uma forma de controle”.

A vacina, que passou pela fase de testes em laboratórios, foi produzida mediante a recombinação de material genético do vírus da febre amarela e dos próprios sorotipos da dengue, de modo a criar outro tipo de vírus que não teria condições de se espalhar em ambiente natural. Conforme explicou Garbes, seria essa a proteção para o corpo humano contra os atuais vírus da dengue.

A experimentação em grupos humanos teve início em 2009, alcançando o Brasil em 2011. As primeiras capitais a formarem núcleos de voluntários foram Vitória e Goiânia. A previsão é de que, até o fim de 2012, os primeiros resultados dessa etapa sejam divulgados. Ao final da pesquisa, o laboratório calcula que 45 mil pessoas tenham sido voluntários da empreitada.

Questionado sobre as formas de distribuição da futura vacina e dos possíveis acordos entre organismos multilaterais e nações para que os cidadãos tenham acesso ao produto, Garbes finalizou: “Nossa equipe está se esforçando para desenvolver o produto, ainda não nos preocupamos com isso”. Na visão do professor João Bosco, como a demanda é alta em todo o mundo, corre-se o risco de haver concorrência entre os futuros compradores. “Por isso, temos de realizar outras pesquisas e planejar outras formas de evitar a doença”, reforçou João Bosco.

Pedro Garbes, representante da multinacional Sanofi Pasteur: "vacinas não significam a erradicação da doença"

 

Vetor – A professora Heloísa Helena Garcia da Silva, também do IPTSP, trouxe o resultado de décadas de investigações feitas com o vetor Aedes aegypti. A proposta apresentada na palestra foi a de formular inseticidas botânicos que possam agir sobre o mosquito transmissor da dengue. Segundo ela, tais inseticidas vêm sendo feitos com base em substâncias químicas extraídas de plantas do Cerrado, tais como tingui-do-Cerrado, copaíba e cajueiro.

De acordo com a professora, as fórmulas foram testadas em campo, no município de Senador Canedo, por meio da “aspersão com bombas manuais”. Ao contrário do êxito obtido ainda em laboratório, o conteúdo não se fixou pelo tempo esperado sobre os criadouros dos mosquitos. “A saída, então, tem sido uma reformulação da substância, a partir do nanoencapsulamento do princípio ativo”, explicou Heloísa Helena.

Em parceria com a Biotecnologia, a professora vislumbrou a possibilidade de fazer o inseticida botânico prolongar seu tempo na água e produzir efeito mais eficaz sobre as larvas, sobretudo nos criadouros que se formam nas bordas de pneus. “Quanto mais se conhece o mosquito, mais é difícil combatê-lo”, arrematou.

 

Professora Heloísa Helena Garcia da Silva, também do IPTSP, discutiu os resultados de um estudo sobre inseticidas botânicos, para combater o vetor Aedes aegypti

Source: Ascom/UFG

Categories: Saúde

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