Palestra aborda a dimensão e a complexidade que caracterizam o suicídio
Michele Martins
Com a preocupação de prevenir e evitar o suicídio, o Programa de Estudos e Prevenção ao Suicídio e Atendimento a Pacientes com Tentativa de Suicídio (PATS), do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da UFG, promoveu no dia 6 de outubro a palestra “Comportamento suicida: não há respostas simples a um problema complexo”. Quem a proferiu foi o professor de Psiquiatria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Humberto Correa.
Abordando o assunto por uma perspectiva bastante ampla, passando pelos aspectos históricos, sociais e biológicos, Humberto Correa apresentou uma palestra esclarecedora da complexidade inerente ao problema.

Da esquerda para a direita: a coordenadora do PATS, Célia Ferreira, o diretor da Faculdade de Medicina, Vardeli Alves, o chefe do departamento de Saúde Mental e Medicina Legal da UFG, José Reinaldo Amaral, e Humberto Correa (UFMG)
O comportamento suicida já foi registrado nas mais diferentes culturas de todos os tempos, mas, de acordo com o professor, o que muda de cultura para cultura, época após época, é a forma como as sociedades encaram o suicídio. “Hoje em dia nós não falamos sobre isso, nem nas faculdades de Medicina, nem na imprensa e os governos são omissos quanto ao problema, que deve ser considerado problema de saúde pública e que mata por ano 1 milhão de pessoas no mundo. Só no Brasil são cerca de nove a 10 mil vítimas por ano”, destacou Humberto.
De acordo com o professor, fatores sociais e biológicos estão diretamente ligados às causas que levam um indivíduo a cometer suicídio. É na epigenética (uma área de estudos que une psicologia e psiquiatria) que Humberto Correa busca os meios para explicar de que forma os fatores ambientais promovem alterações genéticas. “O comportamento suicida também pode ser identificado a partir de múltiplos genes, com pequenos efeitos individuais e que interagem entre si”, analisou.
Para ele, a história e os eventos de vida de cada indivíduo parecem ter papel central e modulam a própria expressão genética. Transtornos psiquiátricos e comportamento suicida têm inegável determinismo genético. No entanto, o professor reconhece que as ocorrências e suas formas são complexas e pouquíssimas compreendidas até o momento.
Para a psicóloga voluntária no PATS, Mayse Martins Mortosa, a palestra do professor Humberto Correa foi muito esclarecedora. Desde que ela iniciou o atendimento clínico em consultório, a quantidade de pacientes que apresentavam comportamento suicida sempre a intrigou muito. “Muitos dos meus pacientes apresentam o problema e isso despertou o meu interesse por esse assunto que ainda é um tabu até mesmo entre os profissionais de saúde”, relatou a psicóloga.
De acordo com a organizadora do evento, Célia Maria F. da Silva Teixeira, o suicídio dever ser considerado um problema de saúde pública grave e um dos principais trabalhos realizados pelo PATS é conscientizar sobre a realidade do problema e promover ações de prevenção ao suicídio. “Este é um problema grave cercado de preconceitos e que precisa ser discutido na sociedade”, declarou Célia Ferreira.
Fuente: Ascom / UFG
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